Jornalistas denunciam “detenções sucessivas” em Angola e não querem “acreditar que a polícia é inimiga da liberdade de imprensa”

Sindicato de Jornalistas Angolanos questiona e repressão policial exercida contra os profissionais dos media em Luanda e exige explicações às autoridades.

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Sindicato denuncia detenções em manifestação em Luanda Reuters/POOL New

O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) partilhou um comunicado no sábado ao final do dia a “exigir explicações sobre detenções sucessivas de jornalistas no exercício da profissão” em Angola, levadas a cabo pela Polícia Nacional do país.

O SJA dá como exemplo o caso de Borralho Ndomba, jornalista e correspondente da emissora alemã Deutsche Welle, “que se viu obrigado a interromper a transmissão que fazia da manifestação de estudantes, e levado para a esquadra debaixo dos assentos do automóvel policial” no sábado, em Luanda.

Em declarações à Lusa, Borralho Ndomba, disse que a detenção aconteceu numa altura em que entrevistava alguns jovens junto ao cemitério de Sant’Ana, onde teria lugar a concentração da marcha contra o corte obrigatório nas escolas, organizada por movimentos de estudantes e pan-africanos.

O jornalista contou que foi cercado pela polícia, juntamente com os jovens que entrevistava, e forçado a entrar num carro-patrulha, tendo sido também obrigado entregar a carteira profissional e o telemóvel com que estava a filmar a entrevista.

Denunciando que houve estudantes detidos e agredidos, Borralho Ndomba relatou que algumas horas mais tarde, lhe “devolveram as coisas e pediram que fosse embora”.

No seu comunicado, assinado pelo secretário-geral do SJA, Teixeira Cândido, o sindicato diz que “condena de modo veemente o abuso da autoridade dos efectivos da Polícia Nacional, presentes no Cemitério da Santana” e questiona as autoridades para “saber se os jornalistas precisam de autorização, à luz da Constituição da República e da Lei de Imprensa, para cobrir quaisquer manifestações”.

“O SJA não gostaria de acreditar na tese de que a Polícia Nacional, em Angola, é inimiga da liberdade de imprensa”, conclui.