Gestão da TAP recua na renovação da frota automóvel

Após as críticas, gestão diz que “compreende o sentimento geral dos portugueses” em relação a este assunto e que, por isso, “procurará manter a actual frota durante um período máximo de um ano, enquanto reavalia a política de mobilidade da empresa”.

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Christine Ourmières-Widener, presidente executiva da TAP Rui Gaudencio

A TAP vai suspender o projecto de renovação da sua frota automóvel, depois de ter sido alvo de críticas de vários sectores, desde os trabalhadores a vários partidos políticos, passando pelo próprio Presidente de República, Marcelo Rebelo de Sousa.

De acordo com um comunicado emitido nesta quinta-feira à tarde, a comissão executiva da companhia aérea, liderada por Christine Ourmières-Widener, diz que “compreende o sentimento geral dos portugueses” em relação a este assunto e que, por isso, “procurará manter a actual frota durante um período máximo de um ano, enquanto reavalia a política de mobilidade da empresa”. Isto, diz a gestão da TAP, “apesar de a decisão que tomou quanto à frota automóvel ser a menos onerosa para a companhia nas actuais condições de mercado”.

Nesta quarta-feira, a empresa emitiu um comunicado interno, em que justificou que a renovação da frota, em regime de renting — tal como acontece agora — e orientada para a administração e directores, iria gerar uma poupança face ao cenário actual. “A actual frota de renting é maioritariamente de 2017 e atinge em 2023 o máximo de prorrogações possíveis em contrato”, referiu a administração.

“Estão em causa 50 viaturas e foi feito concurso ao mercado, de acordo com o manual de compras da TAP, tendo sido convidadas a participar seis entidades no mercado português”, esclareceu a empresa, já em reacção a uma notícia da CNN Portugal sobre a renovação da frota, ao mesmo tempo que defendeu que os novos veículos seriam “viaturas híbridas plug-in, em vez do actual diesel”.

“As opções disponíveis para directores passaram ainda a incluir uma marca premium, já que apresenta melhores rendas face às restantes marcas, graças aos melhores valores residuais no final do contrato, justificou a companhia.”

“Apesar do impacto que isso possa ter na opinião pública, que sinceramente lamentamos, o nosso principal objectivo com esta decisão foi poupar o máximo possível, cumprindo ao mesmo tempo as obrigações legais para com os nossos gestores”, concluía a administração no comunicado desta quarta-feira. Nada foi dito sobre o valor global do contrato. Sindicatos como o dos tripulantes de cabine (SNPVAC), dos pilotos (SPAC) e pessoal de terra (Sitava) insurgiram-se contra esta estratégia numa conjuntura de cortes salariais e surgiram também críticas dos partidos, do BE ao Chega.

Com a companhia a recorrer a 3,2 mil milhões de euros de apoio público, Marcelo Rebelo de Sousa falou em “problema de bom senso”. “Já falei em relação a várias entidades públicas no passado e em relação à distribuição de dividendos e em relação aos salários e entendo que, quando se está num período de dificuldade, deve fazer-se um esforço para dar o exemplo de contenção”, defendeu ontem o Presidente da República.

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