Cinco livros, em português, para entrar na obra da Nobel Annie Ernaux
Annie Ernaux é a 17.ª mulher Nobel da Literatura entre os 119 laureados da história do prémio. A autora francesa tem cinco títulos editados em Portugal. O Acontecimento, de 2000, e considerado uma “obra-prima”, foi lançado em Portugal em Setembro.
A vencedora do Prémio Nobel da Literatura tem cinco títulos editados em Portugal, todos pela Livros do Brasil. Através deles, é possível conhecer os temas, e as inquietações, que dão corpo à escrita “auto-sociobiográfica” da autora francesa de 82 anos.
Um Lugar Ao Sol (1983) e Uma Mulher (1988)
Compilados no mesmo volume, estes dois livros são descritos como uma “auto-sociobiografia”. Ernaux evoca, respectivamente, as vidas do pai e da mãe, dois operários, narrando-as a partir do momento das suas mortes. Nesta retrospectiva, aborda questões ligadas à sexualidade, às suas origens sociais e à traição de classe, tema que viria a tornar-se quase omnipresente na sua obra. Em 1984, Um Lugar Ao Sol valeu-lhe o Prémio Renaudot.
Uma Paixão Simples (1991)
Provocou um pequeno furacão no panorama literário francês pela forma clínica e despudorada como relata uma paixão indomável, e respectivos encontros sexuais, entre uma mulher - divorciada e independente, com filhos e com trabalho - e um homem casado, estrangeiro e mais jovem.
Em 2020 foi adaptado ao cinema pela realizadora franco-libanesa Danielle Arbid.
O Acontecimento (2000)
Considerado “uma obra-prima” pelo júri do Prémio Nobel da Literatura 2022, O Acontecimento, acabado de editar em Portugal, é um ajuste de contas da autora com a experiência traumática e solitária que foi fazer um aborto clandestino no início da década de 60, com 20 e poucos anos, sem qualquer apoio da família e numa França que ainda esperava a sua revolução feminista. A adaptação para cinema deste romance, assinada por Audrey Diwan, foi distinguido com o Leão de Ouro do Festival de Veneza em 2021.
Os Anos (2008)
Uma autobiografia colectiva que conta a história de vida de uma mulher entre 1941 e 2006, entrelaçando-a com filmes, canções, fotografias e outros objectos que são também a história de um país, França, e testemunho de transformações sociais, políticas e históricas. Com Os Anos, Ernaux esteve entre os finalistas do Man Booker Prize de 2019.