“Cadernos da Água”, a distopia climática de João Reis
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Neste episódio do podcast Azul, conversamos com o escritor João Reis sobre o seu mais recente romance: Cadernos da Água, editado pela Quetzal.
A obra oferece-nos uma janela para um mundo distópico, assolado pela seca hidrológica, pelas guerras da água e pelo rescaldo de uma pandemia. Ao longo das 248 páginas do livro, encontramos um Portugal desidratado, que perdeu soberania, obrigando uma grande fatia da população a transformar-se em refugiados climáticos no Norte da Europa. Um texto que se situa num futuro mais próximo e menos auspicioso do que gostaríamos.
Há cerca de duas semanas, o Azul publicava uma notícia intitulada “Chegou o Outono e o conflito da água com a Espanha está à vista”. Num dos comentários deste texto, que discorre sobre a disputa ibérica pelo acesso à água dos rios internacionais, um leitor escreveu: “Está tudo descrito nos Cadernos da Água, de João Reis”. Mas o autor do romance não ficou nada surpreendido por ter imaginado um mundo que, agora, as pessoas reconhecem nas páginas dos jornais.
“É um livro de ficção especulativa, não é um presságio. Não sou vidente. Mas é uma forma de reflectirmos sobre um futuro [sem água]. As personagens são ficcionais mas baseei-me em factos científicos e políticos que têm sido noticiados. Muitos deles passam despercebidos pela maioria da população - e talvez seja por isso que as pessoas ficam surpreendidas”, afirmou o autor neste episódio.
João Reis (Vila Nova de Gaia, 1985) é autor de vários livros, incluindo A Avó e a Neve Russa (2017), A Devastação do Silêncio (2018), e Quando Servi Gil Vicente (2019), todos publicados pela Elsinore. Estreou-se como autor em 2015 com A Noiva do Tradutor, que seria reeditado quatro anos depois também pela Elsinore. A sua obra está publicada no Brasil, nos Estados Unidos e na Sérvia. Este ano, foi nomeado para o Prémio Literário Internacional de Dublin.
O autor de Cadernos da Água estudou Medicina Veterinária, mas acabou por licenciar-se em Filosofia. Além de escritor, João Reis já desempenhou diversos ofícios em Portugal e nos países para onde emigrou. Foi cozinheiro na Noruega e na Suécia e ajudante num armazém de vinhos na Inglaterra. Fundou a editora Eucleia, em 2010, ao lado da irmã, projecto editorial pelo qual foi responsável até 2012. Fala seis línguas. Hoje, dedica-se inteiramente à escrita e à tradução.
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