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Carlos Moedas pede “audácia” para sair da “estagnação económica” e da cauda da Europa

Este foi o primeiro 5 de Outubro com Carlos Moedas nas funções de presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Embora há um ano, por esta data, Moedas já fosse o presidente eleito, ainda não tinha tomado posse, e quem discursou foi o cessante Fernando Medina.

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Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa Nuno Ferreira Santos

“Audácia” e “vontade de mudança” para que o país “não se veja fatalmente destinado a cair para a cauda da Europa”. Foi assim que Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, arrancou o seu primeiro discurso do 5 de Outubro. “Não podemos ser assim, porque nunca fomos assim”, atirou. O social-democrata alertou para a “situação única” que o país atravessa, falou em “alguma estagnação económica” e argumentou que o país só evolui “através do confronto” de ideias. E pediu capacidade “de tomar decisões”.

O autarca pediu um “projecto de futuro” e que o país “não se perca” em “circunstâncias mais ou menos acidentais” – numa alusão à pandemia e à guerra na Ucrânia – e sinalizou aquelas que para si devem ser as prioridades: saúde, educação, transição energética, habitação. E entre essas prioridades, Moedas pediu ainda que Portugal “liberte os portugueses do jugo fiscal que se torna insuportável para as suas vidas”.

“Não nos podemos resignar perante alguma estagnação económica. Deveremos querer mais do que apenas convergir com a Europa. Não podemos ser assim, porque nunca fomos assim”, declarou o antigo comissário europeu.

Fazendo um paralelismo com 1910 e em tempos de maioria absoluta socialista, Carlos Moedas afirmou que “uma verdadeira República não é, e nem poderia ser, a República de um partido”. Já antes, Moedas tinha dito que foi “o confronto saudável” que empurrou o país para o futuro, “sem presunções de ideias únicas” ou de “superioridade moral”, um confronto que “sempre recusou radicalismos” e que “respeita a opinião e as ideias de cada um”.

Moedas pediu ainda que não se tomem posições nem se alimentem narrativas que coloquem “portugueses contra portugueses” e apelou aos “valores” republicanos, que, “independentemente das opções em termos de forma de Governo, não queriam que Portugal se diminuísse à triste condição de um aglomerado de interesses imediatos e egoístas”. Fazendo várias referências a “um projecto de futuro”, Moedas insistiu que era preciso acabar com a “apatia cívica”.

Em 2021, Moedas já era o presidente eleito, mas quem discursou foi Fernando Medina, que digeria ainda a pesada derrota nas autárquicas. Depois de dois anos de pandemia, a sessão solene regressou ao ar livre, no exterior do edifício, na Praça do Município, com cerca de 200 convidados, que incluem membros do Governo, líderes partidários e representantes diplomáticos.

O final da cerimónia, à imagem do que vem acontecendo nas últimas cerimónias do 5 de Outubro, ficou marcado pelos gritos de protesto de algumas dezenas de professores, que pediram mais condições e justiça para a profissão. “Decência”, “justiça” e “respeito” foram as palavras de ordem naquele que, além do dia da Implementação da República, é também o Dia Mundial do Professor.

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