Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declara apoio a Lula da Silva

Ex-presidente vai votar por uma “uma história de luta pela democracia e inclusão social”, escreveu no Twitter. Campanha do PT já tinha cortejado o seu apoio.

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Lula com a sua mulher, Rosângela da Silva, durante uma acção de campanha, na terça-feira Fernando Bizerra/EPA

Fernando Henrique Cardoso declarou esta quarta-feira o apoio ao voto no seu rival histórico, Luiz Inácio Lula da Silva, que vai disputar a segunda volta das eleições presidenciais do Brasil. “Neste segundo turno [segunda volta] estou votando em uma história de luta pela democracia e inclusão social”, disse Cardoso, 91 anos, que presidiu o Brasil entre 1995 e 2002, sobre a candidatura do também ex-Presidente.

Lula da Silva e o actual chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, enfrentam-se na segunda volta das eleições, no dia 30 de Outubro, depois de nenhum candidato ter obtido mais de 50% dos votos válidos no último domingo.

Fernando Henrique Cardoso (FHC), líder histórico do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que antes do aparecimento de Bolsonaro era o grande rival do Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula da Silva, já tinha dado a entender o seu apoio ao ex-presidente pouco antes da primeira volta, mas sem o declarar abertamente.

Na ocasião, sem citar directamente o candidato do PT, FHC pediu aos eleitores que votassem em candidatos que tivessem “o compromisso de combater a pobreza e a desigualdade, defender a igualdade de direitos para todos, independentemente de raça, género e orientação sexual, e se orgulhar da diversidade cultural da nação brasileira.” Referindo-se ainda à importância de “valorizar a educação e a ciência” e ao empenho na preservação do património ambiental”, as suas palavras foram interpretadas como um claro apoio a Lula e uma mensagem contra a reeleição de Jair Bolsonaro.

“Para bom entendedor, meia palavra basta”, comentou na altura o coordenador do programa de Lula, Aloizio Mercadante, enquanto o coordenador de finanças da campanha do ex-presidente, Márcio Macedo, dizia que a publicação de Henrique Cardoso descrevia a trajectória e o significado da candidatura do petista. A campanha de Lula já tinha tentado obter um apoio mais directo. Dias depois, ainda mais perto da votação, Lula recebeu o apoio de cinco ministros do governo FHC.

Lula usou agora as redes sociais para agradecer: “Pela democracia e pela inclusão social. Obrigado pelo seu voto e confiança. O Brasil precisa de diálogo e de paz”, escreveu.

Em Maio de 2021, Lula e FHC almoçaram em casa do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-ministro da Justiça e da Defesa, Nelson Jobim. Uma foto do encontro foi publicada posteriormente nas redes sociais. O encontro, no dia 12 de Maio, foi considerado histórico, uma vez que os dois estiveram em lados opostos nas eleições presidenciais, ou em embate directo ou apoiando diferentes candidatos.

Nos últimos três dias, políticos e partidos começaram a movimentar-se, declarando de que lado estarão na segunda volta. Bolsonaro recebeu esta quarta-feira o apoio do governador reeleito do Distrito Federal, Ibanes Rocha, na corrida presidencial. Um dia antes, foi endossado pelos governadores dos três maiores estados do Brasil, incluindo São Paulo, principal círculo eleitoral do país. Enquanto isso, a Lula da Silva juntou-se o Partido Trabalhista de Ciro Gomes, quarto colocado na primeira volta, e a senadora Simone Tebet, que ficou em terceiro lugar no último domingo.