Doença obriga maestro Daniel Barenboim a cancelar concertos
Barenboim, um dos mais aplaudidos directores de orquestra do mundo, anunciou na rede social Twitter que vai estar afastado das salas de concertos nos próximos meses devido a “uma doença neurológica grave”. Será que esta doença marca um afastamento temporário ou ditará o seu adeus aos palcos?
O anúncio foi feito quarta-feira, na sua conta da rede social Twitter, num texto com apenas três parágrafos. Daniel Barenboim, pianista e um dos mais aclamados maestros da actualidade, vai cancelar todos os concertos previstos para os próximos meses devido a uma “doença neurológica grave”.
“É com um misto de orgulho e de tristeza que anuncio hoje [quarta-feira] que cancelarei algumas das minhas actividades de interpretação, em particular as que envolvem a direcção de orquestra, nos próximos meses”, pode ler-se na conta do músico nascido na argentina, que tem ainda passaporte israelita e espanhol e se orgulha de ser “cidadão honorário” do Estado da Palestina.
“A minha saúde deteriorou-se nos últimos meses e foi-me diagnosticada uma doença neurológica grave. Agora tenho de me concentrar o máximo possível no meu bem-estar físico”, acrescentou o maestro de 79 anos que já em Fevereiro e Abril últimos se vira obrigado a cancelar concertos por motivos de doença.
Daniel Barenboim, que começou a dedicar-se à música através do piano, tem sido mais reconhecido como maestro nas últimas décadas, actuando nos mais prestigiados teatros e salas de concerto um pouco por todo o mundo.
Barenboim está entre os músicos e intelectuais que têm procurado fazer da arte um instrumento para fomentar a paz e a tolerância entre povos de religiões e culturas diferentes. Em 1999, este maestro judeu fundou com Edward Said (1935-2003), um especialista em literatura e activista político de origem palestiniana, e Bernd Kauffmann, director do Festival de Artes de Weimar, na Alemanha, a West-Eastern Divan Orchestra, formação cujo grande objectivo é promover o diálogo entre os povos do Médio Oriente.
A orquestra, que está sediada em Sevilha, junta músicos israelitas, egípcios, iranianos, jordanos, libaneses, palestinianos e, naturalmente, espanhóis, promovendo o diálogo, sobretudo, entre judeus e árabes.
“A música sempre foi, e continua a ser, uma parte essencial da minha vida”, pode ler-se ainda no pequeno texto que o maestro publicou ou fez publicar no Twitter. “Vivi toda a minha vida na música e através da música e continuarei a fazê-lo enquanto a minha saúde o permitir. Olhando para trás e para frente, não estou apenas feliz, mas profundamente realizado.”
Lembra agora a agência de notícias EFE que, em finais de Agosto, a Ópera de Berlim, cidade onde Barenboim vive, emitiu um comunicado em que informava que o maestro, director artístico da casa, seria substituído pelo colega Christian Thielemann na condução da orquestra na anunciada nova produção de O Anel do Nibelungo, aclamada tetralogia operática de Richard Wagner. A substituição foi justificada com o estado de saúde de Barenboim, que já na altura inspirava cuidados. “Estou profundamente triste por não poder dirigir o novo Anel”, reconheceu, então, o maestro, garantindo que ia dar prioridade à sua recuperação.
Embora os cancelamentos agora anunciados digam respeito aos próximos meses, a dúvida que paira no ar é se Barenboim voltará a sentir-se em forma para regressar ou se estamos já na antecâmara da sua retirada dos palcos.