Zelensky promulga decreto que fecha a porta a negociações com Putin

Presidente ucraniano assinou decreto que torna “impossível” quaisquer conversas com o homólogo russo, Vladimir Putin, mas mantém a porta aberta a negociações com outro futuro Presidente da Rússia. Elon Musk lançou sondagem no Twitter sugerindo plano de paz elogiado por Moscovo e criticado por Kiev.

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Soldado ucraniano em Kamyanka, no distrito de Izium EPA/ATEF SAFADI

A recuperar territórios no campo de batalha ao mesmo tempo que Moscovo proclama a anexação de quatro regiões ucranianas ocupadas, Volodymyr Zelensky assinou esta terça-feira um decreto que impede formalmente quaisquer conversas com o Presidente russo, Vladimir Putin.

O decreto promulgado pelo Presidente ucraniano torna “impossível” qualquer tipo de negociação com o líder russo, mas mantém a porta aberta para negociações com a Rússia – eventualmente com um novo Presidente.

A promulgação concretiza uma ideia lançada por Zelensky na sexta-feira, depois de Putin ter proclamado as quatro regiões ocupadas na Ucrânia como parte da Rússia – uma acção que Kiev e os aliados consideram uma farsa ilegítima.

“Ele [Putin] não sabe o que são dignidade e honestidade. Por conseguinte, estamos prontos para um diálogo com a Rússia, mas com outro Presidente da Rússia”, afirmara Zelensky na sexta-feira. Putin, perto dos 70 anos, pode candidatar-se mais duas vezes ao cargo e, caso vença, permanecer no poder até 2036 graças às reformas constitucionais a que fomentou.

A formalização da incorporação das quatro regiões ucranianas deve ficar concluída esta terça-feira. Depois de aprovados os tratados na câmara alta do Parlamento russo, fica a faltar apenas a assinatura de Putin.

No terreno, as forças de Moscovo continuam a recuar, incapazes de conter a contra-ofensiva do exército ucraniano nas regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijjia, no Leste e Sul da Ucrânia.

A formalização da incorporação das quatro regiões ucranianas deve ficar concluída esta terça-feira. Depois de aprovados os tratados na câmara alta do Parlamento russo, fica a faltar apenas a assinatura de Putin.

Elon Musk sugere condições de paz elogiadas por Moscovo e criticadas por Kiev

A promulgação do decreto que impossibilita quaisquer negociações da Ucrânia com Putin coincidiu com uma sondagem lançada por Elon Musk no Twitter sobre um pretenso plano de paz de quatro pontos para a paz na Ucrânia.

O dono da Tesla e da Space X inquiriu os seus seguidores quanto a um acordo entre os dois países que previsse a realização de novos referendos nas regiões anexadas ilegalmente pela Rússia, desta vez sob a supervisão da ONU, assim como a entrega formal da Crimeia à Rússia, garantindo o abastecimento de água à península, e a manutenção do estatuto de neutralidade da Ucrânia.

A sondagem, que esteve aberta 24 horas e teve perto de 2,75 milhões de votos, viu o “Não” vencer com quase 60%, merecendo críticas dos ucranianos e aliados, por um lado, e elogios do Kremlin por outro.

O Presidente ucraniano respondeu na mesma moeda, ao também criar no Twitter uma sondagem em que perguntava qual o Elon Musk de que mais gostavam os utilizadores, se “o que apoia a Ucrânia” ou “o que apoia a Rússia” – com a primeira opção a acumular quase 79% dos votos.

Do lado russo, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou, em conferência de imprensa, ser “muito positivo que alguém como Elon Musk esteja a procurar um caminho pacífico”.

Elon Musk defendeu-se das críticas nas respostas a alguns comentários, declarando ser “pró-Ucrânia”. Acusado por Garry Kasparov, lenda do xadrez e uma das figuras mais conhecidas da oposição russa, de “idiotice moral” e “repetição da propaganda do Kremlin”, lembrou ter disponibilizado o serviço de Internet por satélite Starlink para ligar a Ucrânia ao mundo no início do conflito.

“E perdemos 80 milhões de dólares a fazê-lo, enquanto colocávamos em grandes riscos de um ciberataque russo a SpaceX e eu próprio, retorquiu.

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