Elon Musk sugere “plano de paz” para acabar com a guerra. Zelensky critica e Moscovo agradece

O dono da Tesla e da Space X publicou no Twitter uma sondagem com um “plano de paz” que propõe, entre outros aspectos, uma Ucrânia neutra e aceitar a anexação da Crimeia pela Rússia.

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Elon Musk tem "plano de paz" para acabar com a guerra na Ucrânia Reuters/Patrick Fallon

Depois de quase oito meses de guerra e conversações de paz falhadas entre Rússia e Ucrânia, o multimilionário Elon Musk, dono da Tesla e da Space X, publicou no Twitter uma sondagem com quatro medidas para acabar com o conflito no Leste europeu. Uma publicação que mereceu reacções de Kiev e do Kremlin, que não ficaram indiferentes ao “plano” de Musk.

A realização de novos referendos nas quatro regiões anexadas ilegalmente recentemente pela Rússia (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijjia), mas desta vez sob a supervisão da ONU, é a primeira sugestão. “A Rússia sai se essa for a vontade do povo”, sugere o empresário norte-americano.

Tornar formalmente a Crimeia parte da Rússia, garantir o abastecimento de água à Crimeia e manter a Ucrânia neutra são as restantes propostas.

De todas estas, a sugestão que gerou mais polémica foi o facto de Musk defender a cedência da Crimeia. Nos comentários à sua publicação, o empresário justificou que a recuperação deste território por parte da Ucrânia causaria imensas mortes, “provavelmente falharia e arriscaria uma guerra nuclear”.

Em contrapartida, a Rússia iniciaria “uma mobilização total se a Crimeia estiver em risco”. “A morte de ambos os lados será devastadora”, escreveu no Twitter para sustentar a medida, acrescentando que a população russa é três vezes maior do que a da Ucrânia.

O “plano de paz” do dono da Tesla contém alguns pontos defendidos pela Rússia, e mereceu a condenação de figuras do Governo ucraniano, entre os quais o Presidente Volodymyr Zelensky que respondeu com outra sondagem: De qual Elon Musk gostam mais?”. As alternativas são só duas: “O que apoia a Ucrânia” ou “O que apoia a Rússia”.

“O que apoia a Ucrânia” poderá ser uma referência ao apoio que Musk demonstrou ao país no início da guerra quando activou a rede de Internet por satélite Starlink, que permitiu manter as comunicações.

O conselheiro do Presidente da Ucrânia Mikhailo Podolyak sugeriu antes que a Ucrânia recupere “todo o território, incluindo a Crimeia”, que a Rússia proceda à desmilitarização e desnuclearização e que os prisioneiros de guerra sejam julgados por um tribunal internacional.

Numa outra mensagem, Podolyak acrescentou ainda que a Tesla faz bons carros, mas que hoje prefere Himars, referência aos mísseis de longo alcance que os Estados Unidos têm enviado à Ucrânia.

Rússia considera plano um “passo positivo"

Por outro lado, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que as sugestões de Musk para delinear um possível acordo de paz com a Ucrânia são um “passo positivo” e acrescentou numa conferência telefónica que a Rússia esteve sempre aberta a um fim negociado do conflito.

Dmitry Medvedev, ex-presidente e actual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, elogiou o empresário, e até brincou que com esta sugestão Musk teria acabado por estragar o seu disfarce e que iria ser exposto como operacional russo. “O seu próximo post será algo na linha de ‘a Ucrânia é um Estado artificial’.”

Apesar das críticas ao plano, Musk afirmou que “é altamente provável” que seja este o resultado no final da guerra iniciada pela Rússia no dia 24 de Fevereiro. “É apenas uma questão de quantos morrem antes disso. Também vale a pena notar que um resultado possível, embora improvável, deste conflito é a guerra nuclear”, reforçou.

Quanto aos resultados, a uma hora de acabar o inquérito, a publicação de Musk tem mais de 100 mil comentários e mais 2,6 milhões de votos: 59,3% dizem não às ideias de Musk.

Uma hora depois de lançar a sondagem sobre o seu “plano de paz”, o multimilionário lançou outra questão no Twitter, onde pergunta se a população do Donbass e da Crimeia tem o direito de decidir se quer fazer parte da Rússia ou da Ucrânia.

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