Câmara apresentou plano que vai proteger Lisboa contra cheias e combater alterações climáticas

Carlos Moedas diz que será uma das maiores obras de sempre na cidade e garante que desta vez vai mesmo avançar. Custa 250 milhões de euros.

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Câmara de Lisboa Daniel Rocha

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, apresentou nesta segunda-feira o plano de drenagem da cidade. Uma obra orçamentada em cerca de 250 milhões de euros que, segundo os responsáveis da autarquia, vai proteger a capital de cheias e inundações, poupar água e contribuir para o combate às alterações climáticas.

Lançado em 2004 pelo então presidente da CML Carmona Rodrigues o Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL) tem sido frequentemente adiado. Agora, garante Carlos Moedas, vai mesmo avançar e “preparar Lisboa para o século XXII”.

O projecto prevê a construção de dois túneis subterrâneos, na maior parte a cerca de 70 metros de profundidade. O primeiro, com cerca de 5 quilómetros de extensão, irá ligar Monsanto a Santa Apolónia. O segundo tem cerca de um quilómetro e ligará Chelas ao Beato.

O conjunto de obras do PGDL, segundo os responsáveis autárquicos, destina-se a controlar as águas pluviais “e assim reduzir os riscos de cheias e inundações em Lisboa, mitigando os previsíveis efeitos das alterações climáticas”. Ao mesmo tempo, “permitirá a reutilização das águas pluviais para rega de espaços verdes, reforço das redes de incêndio e lavagem de ruas”.

O plano geral da obra já começou em 2018, com a construção da bacia de retenção de águas da Ameixoeira. Seguiu-se a do Alto da Ajuda (2019) e a do Parque Eduardo VII. Foram ainda concluídos o microtúnel e cinco descarregadores no Parque das Nações e Av. Infante D. Henrique.

Mas falta ainda a grande obra, cuja conclusão está prevista para 2025, e que vai obrigar à construção de sete grandes estaleiros de obra em Lisboa. Serão construídas bacias de retenção/infiltração de água nos parques e jardins de Parque Oeste, Campo Grande, Quinta da Granja, Vale de Fundão e Vale de Chelas.

A grande obra é, porém, a construção dos dois túneis de drenagem. A CML prevê que o começo da escavação tenha lugar no final deste ano ou nos princípio do próximo ano e, no pico da obra, vai envolver 800 trabalhadores.

A autarquia acentua que, além de evitar cheias e inundações, o PGDL prevê a construção de bacias antipoluição que irão captar e armazenar as primeiras águas da chuva – as mais poluídas por trazerem resíduos depositados na superfície dos pavimentos. Estas águas serão depois transferidas para as estações de tratamento. “Desta forma será possível aumentar significativamente os volumes de água já tratada que é conduzida para o Tejo, minimizando os seus níveis de poluição”, dizem os responsáveis da autarquia alfacinha.

Outra vantagem, asseguram, será a possibilidade de se poder utilizar água reciclada, em vez de água potável, para a lavagem de pavimentos, regas e combate a incêndios. Esta água reciclada será distribuída por marcos de água a construir na cidade.

Na sessão solene de apresentação do PGDL esteve presente Carmona Rodrigues a quem Carlos Moedas chamou “pai do projecto”, por ter sido ele que “começou a maratona há 18 anos”. Não se esqueceu, porém, de outros anteriores presidentes que “permitiram que esta obra agora comece”.

Para o presidente da autarquia a obra terá “dois efeitos extraordinários para a cidade”, já que “vai ser importantíssima não só durante a chuva”, ao permitir que se leve o excesso de água para o rio Tejo, evitando as cheias, como também irá possibilitar à câmara poupar água, porque as águas pluviais recolhidas serão reutilizadas para rega de espaços verdes, reforço das redes de incêndio e lavagem de ruas.

Segundo Moedas, actualmente, a factura da água da Câmara de Lisboa é de quatro milhões de euros e 75% deste consumo é usado para fins de água não potável.

“O PGDL vai preparar a nossa cidade para o futuro no combate às alterações climáticas. Cabe-nos a nós o privilégio de avançar com esta obra que é uma das maiores nesse combate”, acrescentou.

Do valor total do PGDL (250 milhões de euros), 50% é financiado pelo Banco Europeu de Investimento.

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