Ao longo desta semana, as temperaturas vão estar acima da média para o mês de Outubro em todo o território continental. Regiões como Évora poderão chegar, no feriado (quarta-feira), aos 35 graus Celsius. Este deverá ser o valor mais alto a ser registado pelos termómetros portugueses durante os próximos dias, prevê o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que avisa ainda que, até pelo menos dia 12 (quarta-feira da próxima semana), não deverá chover.

Ao PÚBLICO, Cristina Simões, meteorologista do IPMA, refere ser quase certo que várias estações meteorológicas registarão uma situação de onda de calor, um período de pelo menos seis dias seguidos em que a temperatura máxima diária é superior em cinco graus Celsius ao valor médio das máximas no dito período de referência. Mas a situação delicada que vivemos no Verão não deverá repetir-se. “Será uma onda de calor no sentido em que, considerando a época do ano, vai estar especialmente quente. Mas não vêm aí temperaturas de 40 graus”, repara Cristina Simões.

A meteorologista diz que, como é habitual, o calor deverá ser mais pronunciado no interior do que no litoral. O dia mais quente desta semana deverá ser o feriado, com temperaturas de 35ºC em Évora, 34ºC em Santarém, 33ºC em Beja, Portalegre e Setúbal, 32ºC em Castelo Branco e 30ºC em Lisboa. Nos distritos com as temperaturas mais frescas, estará quente na mesma: esperam-se 23ºC em Viana do Castelo e 24ºC em Aveiro e no Porto.

Cristina Simões refere que a temperatura deverá descer ligeiramente a partir de quinta-feira, dia a partir do qual as máximas deverão, em média, rondar 25 a 26 graus, mas estes continuam a ser valores “agradáveis” — e elevados, tendo em conta que já estamos no Outono. Mesmo depois da descida generalizada das temperaturas, Évora e Santarém deverão permanecer pouco acima dos 30ºC.

A primeira quinzena de Outubro deverá ser uma quinzena de pouquíssima ou até inexistente precipitação, o que, tendo em conta o cenário de seca com o qual Portugal se debate desde o início do ano, é uma má notícia. Há cerca de duas semanas, o IPMA indicou que, com as chuvas do início de Setembro, houve um “desagravamento significativo” da situação de seca meteorológica em todo o território, mas o contexto continua a ser delicado.

Outubro começa também com o regresso de poeiras provenientes do Norte de África. “Ontem [domingo], ao final da tarde, já se observava este céu amarelo nas regiões centro e sul do país”, afirma Cristina Simões, sublinhando que esta segunda-feira deverá ser o dia com a concentração mais elevada destas poeiras na atmosfera. “Amanhã [terça], elas ainda poderão ser visíveis, mas deverão, gradualmente, começar a perder expressão.”

As poeiras vieram do deserto africano do Sara. Entraram em suspensão na atmosfera na sequência de tempestades de areia — e viajaram até à Península Ibérica graças à circulação do vento, que as “arrastou”. Estas poeiras não deverão suscitar a mesma preocupação que se gerou em Março, quando poeiras do Sara que vieram em grande quantidade levaram a uma descida das temperaturas máximas e pioraram a qualidade do ar.