O peixe de Kira não podia entrar no avião. Um funcionário do aeroporto cuidou dele até ela voltar
Kira Rumfola ficou surpreendida quando Ismael Lazo disse que o peixe não podia entrar no avião. Para ajudar, o funcionário do aeroporto ofereceu-se para ficar com o animal. “Quatro meses é muito tempo, mas o Theo parece bastante feliz.”
Em Maio, no final do primeiro ano na Universidade de Tampa, nos Estados Unidos, Kira Rumfola fez as malas e foi até ao aeroporto com o seu colega de quarto preferido: um peixe colorido chamado Theo.
A jovem de 19 anos dirigia-se para casa em Long Island, Nova Iorque, para passar o Verão e estava feliz por levar o peixe com quem tinha estabelecido uma ligação durante esses meses. Pensou que não haveria problema em levar Theo a bordo do avião num pequeno porta-peixes portátil.
“Já o tinha feito antes, durante as férias, noutra companhia aérea, por isso enchi o recipiente com água e coloquei o Theo dentro”, explicou. Mas havia um problema.
Enquanto estava a verificar as malas para o voo na Southwest Airlines, o funcionário de apoio ao cliente Ismael Lazo reparou no peixe azul e roxo e explicou a Rumfola que a política de animais de estimação da companhia aérea só permitia a entrada a pequenos cães e gatos em caixas transportadoras. Nenhum outro animal de estimação é permitido nos aviões.
“Todos os meus colegas já tinham ido para casa durante o Verão e eu não tinha ninguém com quem deixar o Theo”, explicou a estudante de educação infantil. “Fiquei muito triste e perguntei-me o que iria fazer. Ele é o meu animal de estimação.”
Lazo, de 35 anos, compreendeu a preocupação de Rumfola em relação ao peixe. “Tenho dois cães – não gostaria de os abandonar em nenhum lugar”, declarou. “E também sei como é difícil deixá-los quando saio da cidade”, acrescentou. Tomou uma decisão numa fracção de segundo e ofereceu-se para cuidar do peixe até a estudante regressar.
“E se eu levar o teu peixe para casa para viver comigo e com a minha noiva até voltares para a faculdade, no Outono?”, perguntou. “Podes mandar mensagens durante o Verão para saberes como ele está sempre que quiseres.”
Nesse instante, o rosto de Rumfola iluminou-se, disse Lazo, que de imediato se sentiu bem com a oferta invulgar. Mas havia um senão: Lazo não sabia como tomar conta de um peixe, mas estava disposto a tentar. “Ela entregou-me o kit do peixe – alguma comida e um purificador de água – e depois disse-me para limpar a água com frequência”, recordou. “Disse-lhe que faria o meu melhor para manter o Theo feliz.”
Rumfola, que estava maravilhada com a oferta de Lazo, prometeu que iria perguntar com frequência como é que o peixe se estava a portar na sua casa temporária. “Foi tão simpático ele ter assumido a responsabilidade de tomar conta do meu peixe. Eu sabia que iria sentir falta dele durante o Verão, mas estava grata por saber que ele estaria a ser cuidado”, afirmou.
A estudante comprou Theo numa loja de animais de estimação em Tampa, no ano passado, para lhe fazer companhia e aos colegas que vivem no mesmo apartamento durante o primeiro ano fora de casa. “Podemos ter peixes como animais de estimação e eu queria mesmo ter um”, explicou, acrescentando que foi imediatamente atraída para o azul e roxo com uma cauda a fluir. “Ele tem uma cor tão bonita e, quando o levei para casa, percebi que tinha uma personalidade divertida. Ele gosta de nadar em círculos no aquário.” Especialmente depois das refeições.
“Pus o aquário na ilha da cozinha e reparei que o Theo gostava muito de me ver a lavar pratos”, revelou a jovem. “Ele ficava sempre agitado quando eu fazia isso”. Não demorou muito até que ela ansiasse por vê-lo todos os dias depois das aulas.
Para Rumfola, abandonar o peixe no aeroporto teria sido cruel. Mandá-lo embora para passar alguns meses com Lazo era a melhor opção disponível e a estudante estava feliz por ter aceitado. O rapaz parecia ser uma pessoa de confiança.
Assim que chegou a casa, em Nova Iorque, enviou-lhe uma mensagem. “Olá, Ismael, é a rapariga do aeroporto com o peixe! Estava apenas a pensar como é que ele está. Se tiveres alguma pergunta sobre o Theo, por favor, está à vontade para me enviares mensagem, obrigada!”
Lazo respondeu rapidamente: “Olá! Vamos agora à loja para lhe comprar um aquário maior.”
“Gostámos de ter o Theo por perto e também reparámos que ele ficava entusiasmado quando a minha noiva estava a lavar a loiça”, revelou.
Ainda assim, quando a estudante regressou a Tampa, no final de Agosto, e foi buscar o peixe, Lazo não ficou triste. “Para ser honesto, estava preocupado que alguma coisa lhe pudesse acontecer enquanto estava a nosso cuidado. Por isso, fiquei feliz por a Kira o ter de volta”.
Quando Rumfola foi ao apartamento de Lazo para ir buscar o peixe, ofereceu ao rapaz e à noiva, Jamee Golub, um cartão de oferta da loja e alguns doces para agradecer.
Lazo não foi o primeiro trabalhador aeroportuário a oferecer-se para tomar conta de um peixe.
Em 2018, uma equipa de apoio ao cliente no Aeroporto Internacional de Denver, no Colorado, cuidou durante vários dias de um peixe cor-de-rosa de uma mulher que estava de férias na Califórnia. Ela abandonou o peixe, que acabou nos perdidos e achados do aeroporto, quando não autorizaram que o levasse num voo da Southwest Airlines. Os funcionários do aeroporto acabaram por reunir o par.
Rumfola, por outro lado, está de volta ao campus da universidade, aliviada por estar reunida com o pequeno amigo aquático. O Theo está a nadar à volta do aquário, tal como fazia no apartamento de Lazo.
“Estou muito agradecida pelo Lazo ter ajudado. Quatro meses é muito tempo, mas o Theo parece bastante feliz.”
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post