Taxas Euribor dispararam em Setembro, prazo de seis meses quase duplicou
Prazo a doze meses registou o crescimento mais acelerado, superando os 2%. Esta taxa mais longa, num empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos e com um spread de 1%, faz aumentar a prestação em 205 euros, face ao que pagava nos últimos 12 meses.
Como já se antecipava nas últimas semanas, as taxas Euribor terminaram o mês de Setembro em níveis muito elevados. A média mensal da Euribor a três meses subiu para 1,011%, muito acima dos 0,395% de Agosto, e a de seis, a mais utilizada no total dos empréstimos existentes, fixou-se em 1,596%, quase o dobro face aos 0,837% do mês anterior. O prazo mais longo, o que tem registado uma subida mais acelerada, fixou-se em 2,233%, face aos 1,249% da média anterior.
As médias mensais das taxas de Setembro (arredondadas à milésima) vão agravar de forma expressiva os custos dos novos empréstimos a contratar em Outubro, e de todos os contratos existentes, associados a estas taxas, que venham a ser revistos no próximo mês.
A título de exemplo, no caso de contrato com a Euribor a 12 meses, a rever agora em Outubro, o impacto da subida será muito elevado, porque a revisão, feita no mesmo mês do ano passado, teve por base uma taxa negativa de -0,492%.
Nos últimos dias, as taxas Euribor, a que estão associados mais de 90% dos contratos à habitação em Portugal, registaram correcções muito pontuais, que não impediram que os valores se encontrem significativamente acima das médias mensais.
Esta sexta-feira, a Euribor a três meses subiu para 1,173%, a seis meses para 1,809% e a 12 meses recuou ligeiramente para 2,55%.
Agravamento das prestações
Uma simulação simples demonstra que um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos, associado à Euribor a 12 meses, acrescida de um spread ou margem comercial do banco de 1%, a rever em Outubro, verá a prestação mensal subir 205,58 euros, para 651,40 euros, face aos 445,83 euros que pagava nos últimos 12 meses. Assim, a subida é já muito significativa para quem tem empréstimos desta ordem de grandeza.
Mas a variação mensal das taxas Euribor está a surpreender pela negativa, como mostra outra simulação feita recentemente pelo PÚBLICO, para os mesmos montantes e prazos, mas utilizando a média da Euribor a 12 meses de Agosto, e a respectiva comparação com o mesmo mês de 2021. Nessas condições, o acréscimo era de 124,37 euros.
Num empréstimo semelhante, mas associado à Euribor a seis meses, cuja última revisão ocorreu em Abril, o acréscimo que vai sofrer é de 145,93 euros, atingindo os 600,20 euros. E com a Euribor a três meses, o valor a pagar mensalmente sobe 89,09 euros, para 555,25 euros.
A subida das taxas Euribor começou no início do ano, acelerando com a invasão russa da Ucrânia e depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter sinalizado a subida das suas taxas directoras para combater a inflação.
Depois de duas subidas, em Julho (0,5%) e em Setembro (0,75%), o BCE prepara-se para fazer novas subidas, entre duas a quatro nos próximos meses, numa altura em que a inflação parece não dar tréguas.
A taxa de inflação anual da zona euro atingiu, em Setembro, os 10,0%, face aos 9,1% de Agosto, segundo uma estimativa rápida divulgada esta sexta-feira pelo Eurostat. Em Portugal terá ficado em 9,3%, em Setembro, segundo a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE), acima da taxa de 8,97%, registada em Agosto.