Famalicão garante “desconhecer qualquer acusação que recaia” sobre Miguel Afonso

Também o Rio Ave reagiu à notícia do PÚBLICO sobre denúncias de assédio sexual do seu ex-treinador da equipa de futebol feminino.

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O treinador do futebol feminino do Famalicão é suspeito de assédio sexual Fabio Augusto

O Famalicão garantiu nesta quinta-feira que “não tem conhecimento de nenhuma acusação ou denúncia às autoridades competentes” que recaia sobre o técnico da equipa de futebol feminino Miguel Afonso.

Em comunicado, o emblema famalicense explica que “ao momento da contratação do técnico, e até ao dia de hoje, não tem conhecimento de nenhuma acusação ou denúncia às autoridades competentes que recaia sobre o técnico Miguel Afonso”.

Várias futebolistas que alinharam no Rio Ave em 2020/21 denunciaram acções de assédio do então treinador do clube de Vila do Conde, actualmente no comando técnico do Famalicão, da Liga feminina, já depois de ter estado na época passada na Ovarense, conforme o PÚBLICO revelou.

Miguel Afonso, de 40 anos, terá trocado mensagens íntimas com jogadoras do emblema da Foz do Ave, com idades entre os 18 e 20 anos.

Na nota, o Famalicão refere também que está “totalmente disponível para colaborar com as entidades competentes com o objectivo primordial de estabelecer a verdade dos acontecimentos.”

Num último ponto da nota enviada, o clube garante que, depois de apurados todos os factos, tomará as devidas medidas.

“O FC Famalicão censurará sempre qualquer forma de abuso, violência, ou desrespeito pelo outro e, mais informa que, caso se venha a comprovar a existência de algum facto praticado pelo nosso treinador que atente ou tenha atentado na liberdade de alguma atleta, tomará todas as providências ao seu alcance para o sancionar”, conclui.

Fonte da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) confirmou à Lusa a abertura de um processo por parte do Conselho de Disciplina (CD) aos alegados casos de assédio sexual de Miguel Afonso.

O Regulamento de Disciplina da FPF prevê, desde 1 de Julho último, data da sua mais recente actualização, a punição de casos de assédio sexual por parte de treinadores, no artigo 126.º-B.

“O dirigente que importunar agente desportivo adoptando comportamento indesejado de carácter sexual, sob a forma verbal, não-verbal ou física, é punido com suspensão de três meses a um ano”, lê-se no referido articulado, que, segundo o ponto 183.º do mesmo documento, alarga a sua cobertura a todos os outros agentes desportivos não especificados - nos casos infracções de jogadores aplica-se o 150.º-A.

Rio Ave também reagiu

Já o Rio Ave reconheceu nesta quinta-feira terem existido “comentários circunstanciais” de futebolistas da sua equipa feminina sobre “abordagens despropositadas” do treinador Miguel Afonso, mas que o assunto, a pedido das próprias, não teve seguimento.

“No final dessa época desportiva [2020/21], teve o Rio Ave FC conhecimento de alguns comentários circunstanciais relatados por atletas, relativamente a alegadas abordagens despropositadas do treinador. Confrontado com o assunto, o técnico negou tais situações e, a pedido das atletas, o assunto não teve seguimento”, lê-se num comunicado do clube.

O emblema vila-condense assume ainda não ter conhecimento de “qualquer queixa formal e oficial de nenhuma atleta junto das autoridades”, de alegado assédio sexual do treinador a futebolistas.

“Pese embora o rendimento positivo da equipa nessa época desportiva, entendeu o Rio Ave FC que a gestão de grupo e as metodologias não eram consensuais e adequadas, não estando reunidas as condições para a continuidade do técnico, pelo que encerrou aí a ligação com o mesmo”, refere o clube, que, na temporada 2020/21, garantiu a subida à II divisão.