Oliver Astrologo: O futuro das redes sociais e como torná-las um lugar ético
“Descobri que, para criar conteúdos de viagem que transmitam emoções genuínas, temos de estar igualmente envolvidos emocionalmente na experiência.”
É inegável que as redes sociais se tornaram parte da nossa vida. Acompanham-nos em todos os momentos importantes e influenciam as nossas escolhas. Um estudo recente afirma que 60% dos viajantes que hoje visualizam conteúdo de vídeo usam-no como um factor na tomada de decisão. Quase metade diz que quer ver um vídeo antes de tomar uma decisão final de reserva.
As pessoas adoram partilhar as suas viagens porque toda a gente gosta de ver lugares espectaculares. Assim, as fotos e os vídeos de viagens são os mais recompensados com um grande engagement. Mas há uma desvantagem. As redes sociais levam-nos a focar a viagem demasiado em nós mesmos e a maioria dos conteúdos com temas de viagens limita-se a mostrar o quão fixe é visitar um determinado destino.
É sabido que as redes sociais têm o condão de simplesmente entreter. É raro encontrarmos algum vídeo ou foto ou post no Instagram que possa ser útil, que nos ajude a obter um conhecimento aprofundado sobre um local específico. Os vídeos e as fotografias são ferramentas extremamente poderosas porque são linguagens universais e compreensíveis para qualquer pessoa, independentemente da sua língua e cultura. Então porque não usar o poder do vídeo e das fotografias nas redes com o objectivo de educar as pessoas?
Há sete anos embarquei num projecto pessoal sobre destinos de viagem. Uso o vídeo como uma ferramenta para informar sobre um destino e ajudar os espectadores a descobrir culturas e lugares que eles não conheciam. A longo prazo, isso provou ser um sucesso. Ao contrário dos conteúdos típicos que são vistos apenas uma vez, os meus vídeos são frequentemente vistos repetidamente. Milhões de pessoas assistiram aos meus filmes e muitos deles apareceram em programas internacionais, incluindo o National Geographic.
Além disso, isso trouxe muitas vantagens para a minha carreira cinematográfica. Tenho colaborado com as marcas mais importantes do sector da hotelaria e do turismo e, do ponto de vista pessoal, este método melhorou muito as minhas experiências de viagem.
Aprendi muitas coisas incríveis com esta abordagem. Descobri que, para criar conteúdos de viagem que transmitam emoções genuínas, temos que estar igualmente envolvidos emocionalmente na experiência. Procuro observar lugares e culturas de um ponto de vista mais íntimo e próximo, optando por sair dos caminhos mais conhecidos e descobrir locais menos turísticos.
Agora procuro um contacto íntimo com as pessoas que quero filmar, conhecer os seus antecedentes, observar o lugar onde vivem e viver a sua vida em primeira mão. Assim consigo obter imagens com um sentimento completamente diferente.
Hoje a tecnologia é de grande ajuda e não precisamos de equipamentos profissionais para poder documentar essas experiências. Não há necessidade de trazer ferramentas profissionais connosco. Os nossos smartphones são uma ferramenta poderosa e permitem-nos mover livremente sem sermos intrusivos aos olhos de quem estamos a filmar.
Todos temos a noção de que ao nosso redor há uma fila de turistas, apontando à mesma coisa. Por isso, é importante colocar o foco em lugares que ninguém está interessado em filmar e fotografar, permitindo-nos obter conteúdos mais originais.
No entanto, não esqueçamos o propósito para o qual viajamos. As redes sociais impulsionam-nos a criar e a compartilhar qualquer coisa em tempo real. E corremos o risco de roubarmos um tempo precioso da nossa jornada e de perdermos o prazer de desfrutar verdadeiramente dos lugares que visitamos sem distracções. Durante as minhas viagens, mantenho o meu telefone no modo avião. Capturo os meus momentos como se tivesse um diário pessoal e não os publico até chegar a casa.
Depois de a viagem terminar, calmamente revejo os conteúdos. Isso não só me permite reinterpretar o que vivi de uma forma mais criativa, mas ao mesmo tempo ajuda-me a reviver e a reforçar memórias de viagem na minha mente e a criar melhores conteúdos.
Da próxima vez que pensar em postar conteúdos nas suas redes sociais, pergunte-se se isso vai ser útil para quem vai ver. As redes sociais adaptam-se às nossas necessidades. Se mudarmos os nossos hábitos, poderemos tornar a Internet um lugar melhor para as gerações futuras.
Oliver Astrologo