Em nome dos direitos humanos, Dinamarca “apaga” marca e símbolo no Mundial do Qatar
Medida foi tomada em protesto contra o “historial” do país, depois de autoridades internacionais terem denunciado milhares de mortos durante as obras de construção dos estádios.
Os equipamentos da selecção de futebol da Dinamarca para o Mundial 2022 vão ser utilizados para marcar uma posição. O fornecedor oficial da equipa nórdica decidiu tornar praticamente imperceptíveis quer o símbolo da federação, quer a marca, numa acção de “protesto contra o Qatar e o seu historial em matéria de direitos humanos”.
“Esta camisola carrega uma mensagem. Não queremos ser visíveis durante um torneio que custou a vida a milhares de pessoas. Apoiamos a selecção dinamarquesa a todos os níveis, mas não o Qatar como organizador”, escreveu hoje a Hummel, que fabrica os equipamentos da Dinamarca, na rede social Twitter.
No Instagram, o fabricante notou a homenagem ao Euro 1992, que os dinamarqueses conquistaram, em alguns pormenores das camisolas, com uma camisola vermelha e outra negra, mas reforçou o “protesto contra o Qatar”. “Acreditamos que o desporto deve unir as pessoas e, se isso não acontece, pretendemos marcar posição”, acrescentou a empresa.
A Federação de Futebol da Dinamarca, DBU, é há anos uma das principais vozes críticas dos abusos laborais e de direitos humanos no Qatar nos trabalhos de preparação para o Campeonato do Mundo.
Aquando do apuramento para este torneio, o director executivo, Jakob Jensen, disse que iria “aumentar o tom e o volume das críticas” àquele país, para amplificar as denúncias, e os patrocinadores da selecção abdicaram do espaço nos equipamentos de treino para mensagens em prol dos direitos humanos.
Embora as autoridades do Qatar neguem, várias organizações e estimativas apontam para milhares de mortes no país entre 2010 e 2019 em trabalhos relacionados com o Mundial, com um relatório do jornal britânico The Guardian, de Fevereiro deste ano, a cifrar o valor em 6.500 óbitos, número que muitos consideram conservador.
Em Maio, a seis meses do arranque da competição, a Amnistia Internacional assinou uma carta aberta endereçada ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, ao lado de associações como a Human Rights Watch, pedindo-lhe que invista o mesmo valor dos prémios atribuídos às selecções pela performance no torneio num mecanismo de compensação.
O Campeonato do Mundo masculino de futebol vai decorrer entre 20 de Novembro e 18 de Dezembro, com a selecção portuguesa apurada e inserida no Grupo H, com Uruguai, Gana e Coreia do Sul.