Sindicato denuncia agressão a médica e lamenta que plano de prevenção continue “na gaveta”

Médica obstetra foi agredida por duas pessoas na tarde desta segunda-feira, no Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa. “É lamentável que quem nos tutela não nos proteja, quer de agressões físicas, quer de agressões verbais”, afirmou a dirigente do Sindicato Independente dos Médicos.

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PSP registou 961 situações de violência em hospitais e centros de saúde em 2021, mais 16% do que em 2020 Tiago Lopes/Arquivo

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) denunciou esta terça-feira que uma médica foi agredida na urgência do Hospital de São Francisco Xavier, lamentando que o plano de prevenção da violência na saúde continue “na gaveta”.

A obstetra, que cumpria uma prestação de serviços na urgência do hospital, foi agredida por duas pessoas na tarde de segunda-feira e, nesta terça, “não estava em condições de ir trabalhar”, adiantou o sindicato, que se solidarizou com a médica, a quem disponibilizou apoio jurídico.

Em declarações à Lusa, a dirigente do SIM, Maria João Tiago, lamentou que o Plano de Acção para a Prevenção da Violência no Sector da Saúde, apresentado em Janeiro deste ano, na prática, “continue na gaveta, porque não há instruções e nunca foi divulgado”.

“É lamentável que quem nos tutela não nos proteja, quer de agressões físicas, quer de agressões verbais, e que, ao fim deste tempo todo, o plano da violência sobre os profissionais de saúde não esteja bem instituído”, adiantou a médica.

A sensação de impunidade é “muito grande”, alertou ainda Maria João Tiago, ao exemplificar a situação em que um agressor “continua na lista do médico de família” agredido, ao mesmo tempo que “directores de serviço desvalorizam a situação e fingem que nem existiu”.

“Nada acontece e é uma grande dificuldade, muitas vezes as autoridades de saúde quase que nos desmotivam a apresentar queixa do sucedido”, afirmou a dirigente Secretariado Regional de Lisboa e Vale do Tejo do SIM.

Em Março, a PSP anunciou que registou 961 situações de violência em hospitais e centros de saúde em 2021, mais 16% do que em 2020.

A PSP indicou também que cerca de 65% da violência registada é praticada por utentes, 21% pelos familiares ou acompanhantes dos doentes, 13% por profissionais de saúde e 1% por visitantes ou outras pessoas.

A comarca de Lisboa registou 23 inquéritos crimes contra profissionais de saúde em 2021, um crime que o Mistério Público (MP) tinha alertado em 2020 para a tendência acentuada de aumento.

Os profissionais da saúde que notificam mais casos de violência são os enfermeiros e os médicos e a maioria das situações são de violência verbal e física.