De Madrid a Moscovo, vitória de Giorgia Meloni divide a Europa

Líderes da Hungria e da Polónia e de vários partidos de direita congratulam-se, enquanto França pede respeito pelos direitos humanos e a Alemanha fala de Europa.

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Resultado histórico do Irmãos de Itália é motivo de conversa de toda a Europa GUGLIELMO MANGIAPANE/Reuters

Por toda a Europa, partidos de direita e extrema-direita rejubilam com o resultado histórico dos Irmãos de Itália (FdI), mas a reacção é diametralmente oposta entre governantes e políticos de esquerda.

O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, do PSOE, foi o político em funções executivas de topo a ir mais longe nos comentários às eleições italianas de domingo. “Estamos num momento de incerteza e, nos momentos de incerteza, os populismos crescem sempre e terminam sempre da mesma forma: em catástrofe”, disse o ministro.

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Itália prepara-se para ter o Governo mais à direita desde a Segunda Guerra Mundial e o primeiro de sempre liderado por uma mulher.

Reuters,Joana Gonçalves

Mais contido, um porta-voz do Governo social-democrata alemão declarou esperar que a Itália continue a apoiar a integração europeia. “A Itália é um país muito favorável à Europa, com cidadãos muito favoráveis à Europa, e nós partimos do princípio que isso não vai mudar”, disse Wolfgang Büchner.

Em França, a primeira-ministra também reagiu com uma menção europeia, citando Ursula von der Leyen. “Na Europa temos um conjunto de valores e, evidentemente, estaremos atentos a que esses valores, sobre os Direitos Humanos, sobre o respeito pelos outros, nomeadamente o direito ao aborto, sejam respeitados por todos”, disse Élisabeth Borne numa entrevista.

No fim-de-semana, instada a comentar a possível ascensão ao poder em Itália de “personagens próximas de Putin”, a presidente da Comissão Europeia comentou que “se as coisas forem numa direcção complicada”, a união “tem as ferramentas”. Von der Leyen incluiu na sua resposta uma menção à Hungria e à Polónia, deixando claro que se referia à possibilidade de a Comissão cortar fundos aos países que não cumpram as regras do Estado de direito.

O comentário foi recebido com irritação por Matteo Salvini e pelo primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, que o classificou como “escandaloso”. Esta segunda, o porta-voz da comissão esclareceu que “nunca comenta os resultados de eleições nacionais” e disse esperar “uma cooperação construtiva com as novas autoridades italianas.”

Os líderes políticos da Hungria e da Polónia foram dos primeiros a congratular Giorgia Meloni pelo seu resultado. Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro, enviou mesmo uma carta em que se declara “ansioso” com “a futura colaboração para preservar a paz nos nossos países e na Europa, para fazer crescer a economia europeia e para aliviar a crise energética”.

Quem também reagiu às eleições italianas foi o porta-voz do Kremlin. “Estamos prontos a dar as boas-vindas a qualquer força política que possa ser mais construtiva nas relações com a Rússia”, declarou Dmitri Peskov.

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