Messi exigiu muita coisa para ficar no Barcelona, incluindo o irrisório

Investigação do jornal espanhol El Mundo revela todas as negociações entre o craque argentino e o Barcelona antes da saída para o PSG.

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Messi esteve 21 anos no Barcelona Albert Gea

A 1 de Julho de 2021, aconteceu algo que ninguém julgava ser possível. Lionel Messi era um jogador livre para assinar por quem quisesse porque não se tinha entendido com o Barcelona para renovar contrato. Pouco mais de um mês de negociações falhadas depois, o craque argentino juntava-se a Neymar e Mbappé no PSG e deixava para trás o clube ao qual estava ligado desde 2000. O que aconteceu durante esse longo processo negocial entre Messi e Barcelona ficou agora a saber-se com uma investigação do jornal espanhol El Mundo, que revelou tudo o que estava em causa, incluindo as exigências de Messi para continuar no clube catalão, como um prémio de assinatura de dez milhões de euros ou uma simbólica cláusula de rescisão de apenas dez mil euros.

O El Mundo teve acesso à correspondência electrónica entre o Barcelona e os intermediários de Messi, nomeadamente do seu pai e agente Jorge Messi, que detalha as condições para a renovação de contrato por mais três temporadas. Num dos artigos, que puxa para título uma frase de Jorge Messi num dos emails, “que sintam a espada sobre a cabeça”, o El Mundo refere que Josep Maria Bartomeo, presidente do Barcelona, chegou, a dada altura das negociações, a concordar com todas as exigências, mas acabou por fazer finca-pé na questão da cláusula de rescisão, que se devia manter nos 700 milhões de euros.

A lista de exigências de Messi era longa, segundo a investigação do El Mundo. Para além dessa cláusula de dez mil euros que era basicamente igual a zero, os representantes do argentino pediam uma zona privada em Camp Nou para a família dele e de Luis Suárez (um dos amigos mais próximos de Messi em Barcelona e que saiu do clube em 2020), viagem para a Argentina em avião privado para toda a família no Natal, dez milhões de euros só para assinar o novo contrato, o reembolso na íntegra e com juros de 3% dos 20% dos vencimentos de que Messi abdicou durante o período da pandemia.

Messi exigia ainda uma actualização automática do salário indexada ao aumento da inflação e dos impostos, garantia de contrato para Pepe Costa, amigo e conselheiro de Messi, pagamento de comissões a Rodrigo Messi, antigo agente de Ansu Fati, e a possibilidade de prolongamento unilateral de contrato por parte do próprio jogador.

Entre as revelações deste “Barçaleaks”, o El Mundo fez ainda um historial de todos os ordenados que Messi recebeu desde que chegou ao Barcelona em 2000, uma relação que começou com um compromisso assinado num guardanapo por Jorge Messi e por Carles Rexach, na altura director-desportivo do Barcelona.

A 5 de Dezembro de 2001, Messi tinha 14 anos e assinou um pré-contrato com o Barcelona, com uma cláusula indemnizatória de 150 mil euros caso o clube não lhe oferecesse um contrato profissional até 2003. Se Messi rejeitasse o contrato para assinar por outro clube, teria de indemnizar o Barcelona em cinco milhões de euros.

Nos primeiros anos, como jogador não-profissional em La Masia, Messi tinha um salário de 5409 euros por temporada. Em Junho de 2003, Messi assinou um contrato de nove temporadas (que o vinculava ao clube até 2012), com as seguintes condições salariais para 2003-04: 46 mil euros por temporada, mais 1500 euros por cada jogo oficial (com um mínimo de 45 minutos). Estava definido que estes valores iriam subir em cada temporada, chegando aos 432 mil euros por temporada em 2011-12, mais 8414 por cada jogo – nesta época, Messi fez 60 jogos com a camisola do “Barça”.

A estes valores, refere o El Mundo, o Barcelona pagaria ainda um bónus anual de disponibilidade (entre os cinco mil euros em 2003-04 e os 48 mil em 2011-12), mais direitos de imagem (9015 euros em 2003-04, 85 mil em 2011-12).

Se disputasse 25 jogos Messi receberia um bónus de 901.518 euros, se chegasse aos 45 encontros encaixaria o mesmo valor duas vezes e se atingisse os 65 seria este valor a triplicar. Não podia, no entanto, “receber mais do que um bónus por época, sem prejuízo da sua acumulação para a seguinte”. Tinha uma cláusula de rescisão de 150 milhões de euros se jogasse na equipa principal, 80 milhões na equipa B e 30 milhões na C.

No último contrato que Messi assinou com o Barcelona, em 2017 e válido até 2021, ganhava cerca de 138 milhões de euros por temporada, entre salário fixo e variáveis. Foi este contrato que chegou ao fim sem ser renovado e Messi acabaria por sair a “custo zero” para ser o novo camisola 30 do PSG (o 10 é de Neymar).

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