Desta vez foi fácil para o Benfica
Com um triunfo tranquilo frente ao Marítimo, os “encarnados” passam a somar 21 pontos e cravam uma diferença de cinco pontos para o FC Porto e 11 para o Sporting antes da paragem para as selecções nacionais.
Uma aposta no Marítimo para o duelo com o Benfica pagava mais de 20 euros por cada euro apostado. Serve esta trivialidade para ilustrar que nem o mais empedernido maritimista teria uma fé inabalável num triunfo madeirense em Lisboa. E quem arriscou nessa improbabilidade… não colheu frutos. Depois de seis vitórias em seis jogos, o Benfica somou a sétima, com o triunfo (5-0) frente a uma equipa que só sabe perder na I Liga e que sofreu goleadas em oito das últimas dez visitas à Luz.
Com este resultado, os “encarnados” passam a somar 21 pontos e, sobretudo, cravam uma diferença de cinco pontos para o FC Porto e 11 para o Sporting. Já o Marítimo mantém-se onde e como estava: no último lugar, sem pontos.
Desta vez, ao contrário de noutras de labor mais complicado, o triunfo do Benfica nunca teve discussão. Em rigor, os números até pecam por escassos, tal foi o domínio e o volume de oportunidades de golo de uma equipa que fez por tornar tudo fácil. Foram cinco golos, mas poderiam ter sido mais de uma dezena.
Antes da paragem para as selecções nacionais, os jogadores aproveitaram até para divertir bastante os adeptos, já que continuaram a atacar e criar lances de perigo mesmo quando já poderiam gerir com bola a passagem do tempo.
Marítimo deu Grimaldo “de borla”
O Marítimo foi à Luz com um 4x4x2, resistindo à tentação de colocar um “autocarro” à frente da baliza – não o fez nem pelo sistema táctico nem sequer pelo posicionamento do bloco defensivo, que na primeira fase de construção “encarnada” estava até bastante subido.
Sem um sistema de cinco defesas que permitisse ter laterais abertos, a prioridade da equipa madeirense pareceu claramente ser a de oferecer ao Benfica a largura, tendo, por outro lado, a zona central bem povoada.
E se o bloco até rodava bem para o seu lado esquerdo – e com isso tirou do jogo Neres e Bah –, a forma como rodava para o direito era quase sempre lenta e focada, essencialmente, em ocupar o espaço central – e, em rigor, conseguiram impedir quase sempre o jogo de Rafa e Neres entre linhas.
Problema: Grimaldo esteve com o pé bastante calibrado. O jogador espanhol foi permanentemente dado “de borla” pelo Marítimo e foi somando passes para finalização, quase sempre com tempo e espaço para decidir e executar bem.
Foi assim aos 24’, aos 34’, aos 41’ e, mais importante, aos 28’. A subida do espanhol “convidou” a defesa do Marítimo a chegar-se ao seu lado direito e isso abriu, depois, a possibilidade de Rafa ter espaço para jogar em apoio frontal. O português recebeu, rodou, beneficiou de um ressalto e finalizou isolado.
O desenho do Benfica (que neste jogo teve Aursnes no lugar de Florentino) foi quase sempre o mesmo: abrir em largura e decidir, depois, em função da decisão do Marítimo: se o adversário apertasse no corredor, colocar a bola dentro. Se o adversário “oferecesse” a largura, optar pelo cruzamento.
O bloco do Marítimo, muitas vezes sem pudor em defender médio/alto, permitiu ainda alguns lances de apelo à profundidade, como quando Ramos não finalizou aos 26’ e aos 44’ e João Mário aos 33’ – grandes passes de Enzo e António Silva.
Agora pelo outro lado
Este era, portanto, um jogo relativamente fácil de desmontar e o Benfica, frente a uma equipa que pouco atacou e quase nada rematou, já poderia ter o jogo resolvido na primeira parte.
Com pouco mais de um minuto na segunda parte, o Benfica teve a “crueldade” de “enganar” o Marítimo. Depois de 45 minutos a carregar no corredor esquerdo madeirense, o Benfica tentou uma triangulação pelo lado oposto.
Bah “inventou” o lance e pediu “ajuda” a Rafa, antes de ir cruzar para o remate de calcanhar de Ramos. Belo golo do Benfica, que pôde encarar o que restava do jogo com tranquilidade.
O desgaste crescente no Marítimo e a inspiração particular no Benfica fizeram deste jogo bastante divertido para os benfiquistas, já que a equipa “encarnada” estava a desenhar jogadas a toda a largura, com poucos toques, triangulações, detalhes técnicos e remates.
Houve lances de perigo aos 52’ e aos 61’ (bola ao poste de António Silva), antes do “bis” de Ramos aos 64’, numa transição bem definida por Rafa após um canto a favor do Marítimo.
É certo que o jogo foi perdendo “gás” com as substituições, mas o Benfica ainda chegou ao 4-0 por Neres, aos 82’, e ao 5-0 por Draxler, aos 88’, num bom lance individual do alemão.