Estados Unidos levantam embargo de armas a Chipre que vigorava há 35 anos

Washington temia que o embargo aproximasse Chipre da Rússia, dado que Nicósia assinou um acordo com Moscovo em 2015, permitindo à marinha russa o acesso aos seus portos.

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Chipre é um dos países da União Europeia com relações mais estreitas com a Rússia YIANNIS KOURTOGLOU/Reuters

O Presidente de Chipre saudou este sábado a decisão dos Estados Unidos de levantarem o embargo de armas àquele país do Mediterrâneo, na condição de Nicósia continuar a impedir a entrada de navios de guerra russos nos seus portos.

Washington impusera um embargo de armas a Chipre em 1987, com vista a encorajar a reunificação da ilha, dividida desde que o exército turco invadiu o norte em 1974, em resposta a um golpe de Estado dos nacionalistas cipriotas gregos que queriam que a ilha ficasse ligada à Grécia. Os EUA esperavam impedir uma corrida ao armamento e encorajar uma solução pacífica entre a maioria grega e a minoria turca.

Na sexta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, levantou as restrições comerciais de defesa impostas àquele país, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

“Esta é uma decisão histórica, reflectindo a crescente relação estratégica entre os dois países, inclusive na área da segurança”, disse este sábado o Presidente cipriota Nicos Anastasiades, na sua conta do Twitter.

Alguns críticos dizem que o embargo dos EUA tem sido contraproducente, dado que tem forçado Chipre a procurar outros parceiros, enquanto a Turquia, membro da NATO, mantém tropas no norte da ilha, controlada pela autoproclamada República Turca do Norte de Chipre, reconhecida apenas por Ancara.

Funcionários norte-americanos haviam manifestado preocupação de que o embargo aproximasse Chipre da Rússia, dado que Nicósia assinou um acordo com Moscovo em 2015, permitindo à marinha russa o acesso aos seus portos.

Em Dezembro de 2019, o Congresso dos EUA tinha votado o levantamento do embargo de armas para permitir a exportação de equipamento militar “não letal”. Com o levantamento total do embargo, agora decidido, Chipre deve “continuar a sua cooperação” com Washington, incluindo “continuar a tomar as medidas necessárias para negar aos navios militares russos o acesso aos portos para reabastecimento e manutenção”, acrescentou Price.

A União Europeia fechou os portos europeus aos navios russos, como parte das sanções contra Moscovo pela sua invasão da Ucrânia.