Carris: um século e meio de história
“Há 150 anos nas voltas que a cidade dá”: este é o mote de celebração do século e meio de vida que a Carris alcança este ano. E ainda que muito tenha mudado ao longo da sua história, há algo que se mantém inquestionável: os autocarros e eléctricos da Carris são parte indissociável da cidade de Lisboa.
Foi a 18 de Setembro de 1872, no Rio de Janeiro, que foi fundada a Companhia Carris de Ferro de Lisboa. O objectivo era implementar, em Lisboa, um sistema de transporte do tipo americano, com carruagens movidas por tracção animal que se deslocavam sobre carris. A implementação foi autorizada a 14 de Novembro do mesmo ano, e a partir daí, nada seria como dantes. A capital lisboeta conhecia então o sistema de transporte que seria o braço direito do seu próprio crescimento e se tornaria parte da sua identidade.
Este ano, a Carris celebra um século e meio de existência e a frase que inspira a comemoração, “Há 150 anos nas voltas que a cidade dá”, não podia ser mais adequada. À data da sua fundação, ninguém previa que Lisboa se tornaria aos dias de hoje uma cidade cosmopolita, vibrante de vida e de negócios, e uma das cidades europeias mais procuradas pelo turismo em todo o mundo. A companhia viveu cada momento de história que marcou Lisboa nestes últimos 150 anos, avançando e evoluindo à medida das novas exigências da cidade, como o seu mais fiel aliado.
“A história dos últimos 150 anos da cidade de Lisboa funde-se e confunde-se com a história da Carris, que sempre se reinventou e evoluiu para acompanhar as transformações da cidade e contribuir para transformar e melhorar a vida dos lisboetas”, começa por enquadrar Sara Nascimento, Vogal do Conselho de Administração da Carris. “Este marcar de cada momento vivido em Lisboa conferiu à Carris uma marca reconhecida em todo o mundo, uma referência na mobilidade e uma identidade visual que simboliza a cidade”, sintetiza.
De facto, não há lisboeta que nunca tenha viajado a bordo da Carris e dificilmente haverá um turista que deixe a cidade sem captar uma fotografia de um eléctrico amarelo ao pé da Sé ou de um dos ascensores a subir uma das vertiginosas ruas da capital. São a imagem de marca da cidade e, por isso, é habitual a sua presença em postais, t-shirts, bonés e muitos outros “souvenirs” da cidade. Para Sara Nascimento, “o reconhecimento de Lisboa pelos «Amarelos da Carris» é prova de uma interligação profunda entre o desenvolvimento contínuo da cidade e o papel central de uma empresa que move todos os dias milhares de pessoas”. Um reconhecimento que, segundo a Vogal Executiva, é também acompanhado por “uma enorme responsabilidade e um estímulo para fazer em cada dia um novo marco que enalteça a marca Carris e a cidade de Lisboa”.
Uma marca com passado, presente e futuro
Francisco Sousa, Director Comercial e de Marketing da Carris, sublinha a simbiose da Carris com a cidade e esclarece o racional do mote para a celebração dos 150 anos. “A estratégia da marca para assinalar os seus 150 anos é demonstrar que para além de uma marca com história, a Carris é uma marca com futuro, que cresce com a cidade, com as pessoas, com novos hábitos e novos modos de vida. Uma marca que integra, que evolui, que inova e que se relaciona”.
O conceito traduz-se numa campanha que celebra o passado, o presente, mas também o futuro da Carris. “Num primeiro momento de comunicação foi enaltecida a ligação histórica com a cidade, demonstrando com recurso a colaboradores reais - os verdadeiros embaixadores da marca e que diariamente se relacionam com os clientes -, que a Carris é uma empresa confiável, com história, conhecimento, capacidade e com pessoas que realmente se dedicam. É uma campanha que liga o passado com a evolução dos tempos, apostando sempre na relação humanizada com os seus clientes. Toda a comunicação deste ano assenta, assim, num conceito transversal «juntos nas voltas que a cidade dá». Um conceito forte, que demonstra evolução contínua da empresa numa dinâmica indissociável de cada transformação na cidade, mas que também transmite mobilidade, associando às voltas diárias de milhares de pessoas, às carreiras, ao constante movimento de Lisboa”, explica Franco Sousa.
Com efeito, a Carris tem sido exemplo de uma companhia que se reinventa e acompanha a par e passo a evolução não só da cidade de Lisboa como as exigências dos novos tempos. Para o Director Comercial e de Marketing da empresa, “a marca Carris é um exemplo em vários níveis, de como é possível modernizar sem perder referências e representar em cada fase a adequação do posicionamento da empresa”. Exemplo disso são os vários momentos de rebranding vividos pela marca ao longo dos anos, desde a “simbologia visual que agrega e evolui nas suas formas de referência e representatividade, à intervenção cromática que foi acompanhando e ganhando expressão em cada etapa de evolução da marca”.
A cor da frota também tem a sua razão de ser. Segundo a explicação do Director de Marketing da empresa, “os «amarelos da Carris» são hoje referências identificativas da própria cidade, mas já foram verdes, laranjas e dataram cada época da cidade de Lisboa com o seu imaginário cromático. O amarelo Carris é um reflexo da actualidade, exaltando o brilho do sol e da luz tão únicos em Lisboa e conjugado com o azul do rio Tejo”.
A evolução da própria marca procurou sempre adaptar-se aos tempos, é um facto, mas sem nunca beliscar a sua identidade. “Podemos hoje constatar uma marca que nunca precisou de se fracturar para se continuar a assumir, 150 anos depois, moderna, enquadrada com o mercado e que é agora uma identidade com reconhecimento mundial”, justifica Francisco Sousa.
A Vogal Executiva do Conselho de Administração da Carris, Sara Nascimento, concorda que a companhia é parte da identidade da cidade. “Todos os modos e equipamentos de transporte que a Carris opera e operou são marcos históricos de inovação. Alguns são peças a visitar no Museu da Carris, outros já são hoje monumentos nacionais, e, outros ainda, passam despercebidos na azáfama do dia-a-dia, mas todos vão ficar para a história, porque são símbolos de progresso e porque fazem e fizeram parte das histórias dos que cá vivem ou por cá passaram ao longo destes 150 anos”.
Projectar as voltas no futuro
E quais os desafios de gerir uma marca com 150 anos? Para Francisco Sousa, “o maior desafio é garantir uma evolução eficaz e consistente, assegurando o seu histórico, projectando a ambição e compromisso e incutindo potencial evolutivo”. Do mesmo modo, falando do futuro da companhia, acrescenta, “projectar o mesmo sucesso na gestão da marca Carris para os próximos 150 anos é construir de forma intrínseca com o evoluir da cidade, que lhe continue a conferir a capacidade de datar a história de Lisboa com as suas evoluções visuais e cromáticas”.
Que o futuro da Carris será auspicioso é também uma certeza para Sara Nascimento. Afinal, há 150 anos que a companhia prova a sua validade e capacidade de reinvenção em Lisboa. “Todas as épocas marcaram a mobilidade em Lisboa com grandes desafios em que a ciência, a engenharia, a tecnologia e a ousadia foram centrais para inventar, reinventar e resolver. A Carris tem feito parte das soluções que criaram e mantiveram, sempre, Lisboa e os lisboetas nas voltas do seu dia-a-dia”, assegura.
Hoje em dia, um dos desafios que a Carris enfrenta é o da transformação digital, mas também esse será ultrapassado com sucesso, segundo a responsável. “A Carris assume com enorme responsabilidade a sua centralidade na modernização do ecosistema global de mobilidade da cidade. A atracção e fixação de empresas tecnológicas que Lisboa tem alcançado nos últimos anos é mais uma oportunidade que a Carris tem vindo a aproveitar para explorar inovações tecnológicas e científicas e poder assim projectar para os seus serviços, num futuro próximo, um padrão de referência na modernidade da mobilidade”.
Tornar-se uma referência na mobilidade é, aliás, uma das prioridades da Carris, numa época em que a sustentabilidade está na ordem do dia e a sociedade procura cada vez mais opções ecológicas no que diz respeito às suas deslocações diárias. De acordo com Sara Nascimento, “a Carris está hoje preparada para o futuro e para o grande desafio que a mobilidade representa, nas voltas que a cidade vai dar nos próximos 150 anos”.
Para Francisco Sousa, a esta é mais uma área onde a Carris “tem a oportunidade de continuar a surpreender, justificando o porquê de se manter uma marca de referência depois de 150 anos de história”. O responsável de marketing explica que a mobilidade é hoje um dos pilares centrais da modernização e sustentabilidade urbana e que “será na próxima década uma das principais áreas de dinamização, atractividade e inovação”.
A crescente procura por parte do turismo e consequente pressão nos transportes da cidade é, também, um dos assuntos que está no radar da empresa. Uma problemática a que, segundo Francisco Sousa, a Carris tem respondido positivamente. “A atractividade de Lisboa enquanto destino turístico é uma tendência sustentada que vem em crescente ao longo de muitos anos, e a Carris tem vindo a adequar a oferta programada em função das épocas e monitoriza em permanência as necessidades de ajustes pontuais em cada momento e em cada zona da cidade”. Neste contexto, destaca o papel central da Carris não só para quem se desloca diariamente em Lisboa, quer seja para o trabalho, para a escola, no regresso a casa, ou em lazer. “Lisboa é um cenário idílico para ser vivido e aproveitado, e a Carris é assim uma experiência única, ao viajar num eléctrico tradicional pelas pitorescas ruas estreitas e íngremes, ou no conforto de um autocarro de nova geração enquanto aprecia as vistas da cidade e do rio. Esta diversidade do perfil de clientes e das horas de maior procura para cada segmento é um desafio e é também uma satisfação por ser o constatar da importância e da dinâmica que o serviço da Carris confere a uma cidade cada vez mais diversa e cosmopolita”, assegura o Director Comercial e de Marketing da Carris.
Um século e meio depois da sua fundação, a Carris assume-se preparada para os próximos 150 anos e disposta a guiar-nos pelas voltas que a cidade vai dar. A viagem segue agora rumo ao futuro.
Este artigo faz parte da Revista 150 anos da Carris, distribuída gratuitamente com o jornal Público, na Área Metropolitana de Lisboa, no dia 17 de Setembro de 2022.