Mundiais: Almeida e Morgado lideram selecção portuguesa nos Mundiais

Selecção portuguesa não contará com representantes femininas na competição, que arranca no domingo.

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FP Ciclismo

João Almeida, na categoria de elites, e António Morgado, nos juniores, encabeçam a selecção que, sem qualquer mulher e com menos inscritos do que o permitido, irá representar Portugal nos Mundiais de ciclismo de estrada, que arrancam no domingo em Wollongong, Austrália.

Quinto na Volta a Espanha, Almeida chega motivado a uma prova que lhe pode agradar, liderando um quarteto de elites - quando podiam estar presentes seis representantes nacionais -, que conta com dois colegas de equipa na UAE Emirates, os irmãos Ivo Oliveira e Rui Oliveira, e o experiente Nelson Oliveira (Movistar).

O ciclista das Caldas da Rainha tem concentrado a atenção mediática do ciclismo português, somando já três “top 10” em “grandes Voltas”, desde 2020, e chega à Austrália acompanhado de dois gregários que conhece bem.

Campeão nacional de fundo, Almeida, de 24 anos, venceu duas etapas em corridas espanholas, este ano, e desde 2021 que tem “apurado” a pontaria em provas de um dia como a de Wollongong, uma categoria na qual os irmãos Oliveira também se têm especializado, como trabalhadores ao serviço de um líder.

A fechar a equipa está Nelson Oliveira, o mais experiente dos quatro “convocados” e um homem habituado aos Mundiais, nos quais se tem destacado com vários “top 10” no contra-relógio - em 2017, ficou à porta do pódio, no quarto lugar.

Medalhado em escalões jovens, vai somar o 11.º Campeonato do Mundo de elites da carreira, a que junta participações olímpicas, a última delas em Tóquio2020, já ao lado de João Almeida.

Os quatro vão participar na prova de fundo masculina de elite, enquanto João Almeida e Nelson Oliveira vão representar Portugal no contrarrelógio, logo no domingo, quando arranca a competição em solo australiano.

EF Education retém Ruben Guerreiro

Aquando do anúncio dos convocados, sem qualquer ciclista feminina, quando podiam estar três elites e quatro juniores, e após não se apurar ninguém em sub-23 masculino, a Federação Portuguesa de Ciclismo escudou-se nas “especiais exigências logísticas e orçamentais” do evento.

De resto, entre os problemas logísticos surgiram também as complicações sentidas por algumas das principais selecções, como a Espanha, uma vez que as equipas “prenderam” ciclistas por causa da luta pela manutenção no WorldTour, caso, no grupo luso, de Ruben Guerreiro (EF Education-Easy Post).

“A equipa autorizou-me, num primeiro momento, a correr o Campeonato do Mundo, mas acabou por mudar de ideias e não me deixar ir. Querem que me foque na Volta à Lombardia, e consideraram que a viagem depois do Mundial podia afectar a preparação”, explicou à agência Lusa.

Quanto à participação feminina, a história de Portugal em Mundiais, nos últimos 10 anos, conta-se pela intermitência: em 2021, Daniela Campos e Maria Martins representaram as cores nacionais na Bélgica, depois de ninguém o ter feito em Itália, em 2020.

Em 2019, “Tata” Martins estreou-se nestes campeonatos, pondo fim a um jejum de três anos, desde Daniela Reis, que tinha estado em 2014 e 2015; antes, ninguém em 2012 e 2013.

Aspirações no escalão júnior

Falando do desporto em si, a prova de fundo para elites conta com 266,9 quilómetros, passando pelo monte Keira e depois por um circuito de 12 voltas, com ascensões mais leves, perfazendo 3945 metros de desnível positivo acumulado a fechar os Mundiais, no dia 25.

No contra-relógio, 34,2 quilómetros sem grandes dificuldades, Portugal terá dois especialistas mas num percurso que não lhes assenta tão bem, enquanto na corrida de elite terá de jogar com as ambições das selecções mais fortes.

Ainda assim, o seleccionador nacional, José Poeira, destacou, aquando do anúncio da convocatória, que contará com corredores do WorldTour, de “qualidade inquestionável”.

Nos juniores, as perspectivas são ainda mais altas, uma vez que António Morgado lidera um quinteto que inclui dois colegas de equipa da Bairrada, Daniel Lima e Gonçalo Tavares, além de José Bicho (Almodôvar-SCAV) e Tiago Nunes (Silva & Vinha-ADRAP-Sentir Penafiel).

Morgado, que estará também no “crono” com Tavares, no dia 20, é um dos favoritos na prova de fundo, de 135,6 quilómetros, disputada no dia 22, depois de um 2022 em grande nível: já este mês, venceu o 46.º Giro della Lunigiana, corrida para selecções jovens em Itália, e tem mostrado nível dentro e fora do país.

O jovem que em 2023 vai correr pela “fábrica de talentos” norte-americana Hagens Berman Axeon, assim como Gonçalo Tavares, é campeão nacional júnior de fundo e contra-relógio, depois de vencer a Volta a Portugal de juniores, a Volta ao Douro em Espanha, e ser segundo no Troféu Centre Morbihan, na Corrida da Paz e na Gipuzkoa Klasikoa, tendo sido quarto na Volta ao Pays de Vaud.