Cass McCombs agora, ainda indispensável

O novo álbum de um dos maiores cantautores americanos do nosso tempo é um retrato livre, sem filtro, expressionista, do tempo que atravessamos.

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No último álbum, Tip of the Sphere (2019), Cass McCombs cantava que reencarnara numa coisa qualquer que em nada se parecia com o homem que fora antes. McCombs não mentiu verdadeiramente. Não mentiu certamente na verdade da personagem que habitava a canção. Não mentiu, também, porque, ao longo de duas décadas, se foi tornando novo a cada novo disco. Não através de metamorfoses radicais, à Bowie, mas pela forma como acrescenta novas camadas sonoras e aborda outras formas de expressão em canção — do denso psicadelismo rock de Dropping the writ ao country recontextualizado de Catacombs, da soul fúnebre do inultrapassável Wit’s End à vasta panorâmica sobre a Americana de Big Wheel and Others. Contribuiu para isso, de forma decisiva, o seu desconforto com o trabalho em estúdio, com todo o labor posto na fixação definitiva de uma canção e a pressão criativa implicada.

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