La Niña está de volta pelo terceiro ano consecutivo

Embora seja um fenómeno natural no Oceano Pacífico, esta é a primeira vez neste século que o La Niña ocorre em três anos seguidos. Estão previstos o aumento das chuvas na Austrália e da seca em Corno de África.

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Nesta representação tridimensional, vemos o El Niña como uma vasta piscina de água fria a “abraçar” o globo DR/Programa Copérnico

O La Niña está de volta pelo terceiro ano consecutivo. Embora seja um fenómeno natural no Oceano Pacífico, esta é a primeira vez neste século que o La Niña ocorre em três vezes seguidas, refere a Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência das Nações Unidas com sede em Genebra.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera descreve este fenómeno como um arrefecimento atípico das águas superficiais do Oceano Pacífico Central e Oriental, dando origem ao que vulgarmente se designa uma “piscina de águas frias”.

Nesta imagem tridimensional, elaborada a partir de dados do Serviço Copérnico de Vigilância do Ambiente Marinho, de 13 de Setembro, podemos ver esta vasta piscina de água fria a “abraçar” o globo terrestre como um largo cinto azul.

O La Niña - que é oposto ao El Niño, e daí o paralelismo nos nomes - ocorre quando ventos fortes “empurram” água quente na superfície do Oceano Pacífico perto da costa da América do Sul. Esta movimentação faz com que a água mais fria se desloque para a superfície do Oceano Pacífico, o que desencadeia fortes mudanças na dinâmica geral da atmosfera e possui uma forte influência nas tendências climáticas globais. O fenómeno causa, entre outros eventos extremos, o aumento das chuvas na Austrália e na Indonésia ou o agravamento das secas na região do Corno de África, refere o programa europeu Copérnico em comunicado.

“É algo excepcional haver três anos consecutivos com um evento la Niña”, disse Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, numa nota de imprensa divulgada no dia 31 de Agosto.

“O agravamento da seca no Corno de África e no sul da América do Sul traz as marcas do La Niña, assim como as chuvas acima da média no Sudeste Asiático e na Australásia. As novas actualizações sobre o La Niña infelizmente confirmam as projecções climáticas regionais de que a seca devastadora no Corno de África piorará e afectará milhões de pessoas”, acrescentou Taalas.