Estado alemão vende últimas acções da Lufthansa e sai a ganhar 760 milhões

“A Lufthansa está novamente em mãos privadas”, vincou o presidente executivo do grupo, Carsten Spohr, que destacou a importância do apoio e o retorno que gerou para os contribuintes alemães.

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Estado alemão detinha 9,92% da companhia aérea. Reuters/KAI PFAFFENBACH

O Estado alemão vendeu as últimas acções que detinha do grupo aéreo Lufthansa, no qual chegou a ter uma participação de 20% em 2020, no âmbito de um plano para salvar a empresa durante a crise pandémica. O fundo de estabilização económica, o organismo público que detinha as acções, informou na terça-feira à noite que “vendeu as suas últimas participações a (...) investidores internacionais”.

A Lufthansa foi salva da falência pelo governo alemão em Junho de 2020, depois de ter sofrido perdas maciças devido à pandemia da covid-19.

Berlim concedeu ao grupo um enorme pacote de ajuda de nove mil milhões de euros, que previa uma participação pública de 20%, que foi sempre considerada temporária pelas autoridades públicas, e que devia cessar assim que a situação melhorasse. Na altura, ficou estipulado que a ajuda não poderia ir além de Outubro de 2023.

As autoridades já tinham reduzido a presença pública para 14,09% em 2021 e 9,92% em Julho. A venda destas últimas acções rendeu 1,07 mil milhões de euros ao Estado, para quem a operação foi globalmente rentável, com um “saldo positivo de 760 milhões de euros”. “O plano de ajuda do governo ajudou com sucesso a empresa a ultrapassar esta crise”, disse o fundo de estabilização, em comunicado.

“A Lufthansa está novamente em mãos privadas”, vincou o presidente executivo do grupo, Carsten Spohr. “Em nome de todos os trabalhadores da Lufthansa, gostaria de agradecer ao actual governo e ao anterior, e a todos os contribuintes, pelo apoio prestado durante aquela que foi a maior crise financeira da história da companhia”, afirmou o gestor. “A estabilização da Lufthansa foi bem-sucedida, e também gerou retorno financeiro ao governo alemão, e, assim, aos contribuintes”, concluiu.

O grupo, proprietário da Austrian, Swiss, Eurowings e Brussels Airlines, apresentou, pela primeira vez desde a pandemia, um lucro líquido no segundo trimestre deste ano, impulsionado pelo negócio de cargas. Depois de 2020, a Lufthansa cortou mais de 30 mil postos de trabalho, mas planeia contratar cinco mil pessoas este ano, e um número equivalente em 2023.