Idosos que tiveram covid-19 podem ter maior risco de desenvolver Alzheimer

Estudo norte-americano aponta um risco entre 50% e 80% maior em pessoas com mais de 65 anos que tiveram covid-19, face a quem não foi infectado. A associação não é explicada, mas os investigadores destacam mulheres com mais de 85 anos como a população com maior incidência.

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Investigação associa a infecção por covid-19 em idosos com maior risco de desenvolver a doença de Alzheimer Miguel Manso

As pessoas mais velhas que estiveram infectadas com covid-19 têm um risco “substancialmente maior” de desenvolver Alzheimer no espaço de um ano, algo observado por uma equipa de investigadores especialmente entre mulheres com pelo menos 85 anos.

A investigação, publicada no Journal of Alzheimers Disease, foi realizada com pacientes com mais de 65 anos e indica que o risco de desenvolver esta doença é entre 50% e 80% maior em pessoas que tiveram covid-19 do que naquelas que não foram infectadas.

Os cientistas da Universidade Case Western Reserve, em Cleveland (Estados Unidos), analisaram registos médicos de mais de seis milhões de pacientes e assinalam que o maior risco foi observado em mulheres com pelo menos 85 anos.

Os investigadores referem que não é claro se a infecção por covid-19 desencadeia um novo desenvolvimento da doença de Alzheimer ou se acelera o seu início.

Os factores que interferem no desenvolvimento da doença de Alzheimer não são ainda bem compreendidos, mas há dois elementos considerados importantes: infecções prévias, principalmente virais, e inflamação.

Como a infecção por SARS-CoV2 foi associada a anormalidades do sistema nervoso central, incluindo inflamação, esta equipa quis perceber se, “mesmo a curto prazo, a covid-19 poderia levar a um aumento dos diagnósticos”, explica Pamela Davis, uma das autoras do estudo, citada num comunicado da universidade.

A equipa analisou os registos médicos de 6,2 milhões de adultos de 65 anos que receberam tratamento médico entre Fevereiro de 2020 e Maio de 2021 e não tinham um diagnóstico prévio de Alzheimer. Entre este grupo de pessoas, mais de 400 mil tinham tido covid-19.

A doença de Alzheimer é “uma doença séria e desafiante, e pensámos que tínhamos controlado a situação ao reduzir os factores de risco gerais, como pressão alta, doenças cardíacas, obesidade e estilo de vida sedentário”, acrescentou a investigadora.

Mas agora, as consequências a longo prazo da covid-19 ainda estão a surgir, pelo que “é importante continuar a monitorizar o impacto desta doença numa incapacidade futura”.