Número de travessias de migrantes no canal da Mancha ultrapassa registos de 2021

Só nesta terça-feira mais de 600 pessoas chegaram ao Reino Unido por uma rota que o Governo britânico quer transformar em “inviável”. Número total supera os 28 mil e ainda faltam três meses para o final do ano.

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Embarcações que atravessam o canal são inseguras e fazia a travessia lotadas Reuters/GONZALO FUENTES

Desde o início do ano, 28.561 pessoas cruzaram o canal da Mancha, rumo ao Reino Unido, a bordo de pequenos barcos, segundo os dados recolhidos pela Sky News. O número de migrantes a realizar esta perigosa travessia ultrapassou o total do ano passado – 28.526 – e ainda faltam mais de três meses para o ano terminar. Só nesta terça-feira, 601 pessoas chegaram ao território britânico num barco lotado.

Apesar de ser uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo, o canal da Mancha viu aumentar o número de pessoas que arriscam a vida para chegar ao Reino Unido nos últimos anos, a maior parte das vezes a bordo de barcos sem condições para transportar tanta gente, e muitas vezes explorados por grupos de tráfico de seres humanos.

Em Dezembro de 2018, o então ministro do Interior, Sajid Javid, já tinha rotulado este tipo de travessia como um grande perigo, num ano em que 299 pessoas completaram a viagem. Desde então, o Ministério do Interior britânico prometeu repetidamente tornar a rota “inviável” – mas o número de chegadas continuou a aumentar. Em 2019, chegaram 1843 pessoas; em 2020 chegaram 8466; e em 2021 as tais 28.526.

Os perigos de sobrecarregar as pequenas embarcações que cruzam o canal ganharam um destaque ainda maior no ano passado, quando 27 pessoas morreram depois de o seu barco se ter virado e afundado, ao longo da costa francesa.

Um relatório recente do Parlamento britânico previa que o total de migrantes que atravessam o canal da Mancha possa chegar aos 60 mil até final deste ano, apesar das repetidas promessas do Governo conservador –​ que considera este assunto uma prioridade desde o Brexit”​ – para reduzir o fluxo de chegadas.

Londres tem insistido, junto de Paris, que é necessário reforçar a vigilância da costa francesa. E tem tomado diversas medidas para reduzir o acolhimento dos migrantes em solo britânico, como o controverso acordo com o Ruanda para deportar para este país da África Oriental os requerentes de asilo que cheguem em embarcações ao território britânico.

No entanto, nenhuma das deportações ocorreu ainda. Um primeiro voo programado para Junho foi cancelado após uma decisão do Tribunal Europeu de Direitos Humanos (CEDH). Mas a nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, referiu, ao longo da sua campanha para a liderança do Partido Conservador e do Governo, que pretende continuar com esta política.

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