Carlos III reforça compromisso com a Irlanda do Norte em visita simbólica a Belfast
O novo rei do Reino Unido prometeu manter um olhar atento aos conflitos políticos no território, “tal como fazia a sua mãe”.
O rei Carlos III prometeu esta terça-feira, em Belfast, pegar no testemunho da sua mãe, Isabel II, no que diz respeito aos compromissos da Coroa com a Irlanda do Norte, território marcado há décadas por um conflito que, ainda hoje, se continua a reflectir em claras divisões políticas e sociais.
O novo monarca continuou a sua peregrinação pelas várias nações do Reino Unido, depois da morte da rainha Isabel II, na semana passada, num gesto que serve para reforçar a sua presença nesta nova etapa. Num discurso aos deputados, em Belfast, prometeu “seguir o brilhante exemplo da mãe” e “trabalhar pelo bem-estar de todos os habitantes da Irlanda do Norte.”
“Nos anos que passaram desde que começou a sua longa vida de serviço ao público, a minha mãe viu a Irlanda do Norte passar por mudanças históricas”, lembrou o rei, recordando que a sua família também sentiu as “dores” deste território.
O presidente da Assembleia da Irlanda do Norte, Alex Maskey, histórico do Sinn Féin, prestou condolências a Carlos III em nome do órgão legislativo e do povo norte-irlandês, sublinhando que a sua mãe não tinha sido “uma observadora distante” da transformação vivida.
A rainha, acrescentou Maskey, “demonstrou pessoalmente como acções individuais podem ajudar a quebrar barreiras e a encorajar a reconciliação”. “Mostrou como um gesto pequeno, mas significativo, uma visita, um aperto de mão, um passeio pelas ruas, ou dizer algumas palavras em irlandês podem fazer uma grande diferença”, acrescentou.
Maskey também destacou o quanto a Irlanda do Norte mudou desde a primeira vez que Isabel II visitou o território, em 1953, até a última vez, em 2021, enfatizando que a Assembleia agora reúne “sindicalistas, republicanos e nacionalistas capazes de honrar, conjuntamente, a memória da falecida rainha.”
A Irlanda do Norte está sem governo efectivo desde as eleições de Maio, apesar de o cumprimento do Acordo da Sexta-Feira Santa, de 1998, que pôs fim a um conflito de três décadas, depender em grande parte de um acordo político entre republicanos e unionistas.
O Partido Democrático Unionista recusa, ainda assim, chegar a um compromisso com o Sinn Féin, argumentando que só o fará quando o Governo britânico eliminar o protocolo do acordo de saída do Reino Unido da União Europeia que versa as trocas comerciais entre a Irlanda do Norte e a Grã-Bretanha.
Os partidos unionistas defendem a permanência da Irlanda do Norte no Reino Unido, e têm, em geral, um sentimento de maior afinidade com a monarquia. Os nacionalistas, por outro lado, querem a reunificação entre o território e a vizinha República da Irlanda.