Há dez anos que Dario Argento não estreava um filme novo, mas há ainda mais anos que se espera que ele reencontre a forma e o vigor que nos anos 70 e 80 (Profondo Rosso, Suspiria, Inferno, etc.) fizeram dele um expoente do giallo e territórios limítrofes. Óculos Escuros interrompe a espera de dez anos, mas não interrompe a outra, e mais longa, espera. E, sendo um filme decepcionante (em primeiro lugar, face às expectativas que cria nos seus começos), acaba por fazer pensar como também no ocaso Argento e o seu “primo” americano Brian de Palma (ambos levaram a filiação hitchcockiana a um exercício de barroquismo operático) continuam associados, mesmo que pelas mais tristes razões — embora com vantagem para Argento, porque “Óculos Escuros” é, ainda assim, um objecto mais interessante do que o último de Palma, Domino.
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