Lisboa e Cascais avaliam alargamento dos apoios sociais aos munícipes

Carreiras e Moedas preparam pacote de medidas conjunto para mitigar efeitos da crise nos seus concelhos e criticam plano do Governo. Autarcas reúnem-se na próxima quarta-feira para afinar plano.

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Carlos Carreiras e Carlos Moedas avançam com medidas em Cascais e Lisboa para mitigar efeitos da crise Miguel Madeira

Os presidentes das câmaras de Cascais e de Lisboa consideram que as medidas de apoio às famílias apresentadas pelo Governo esta quarta-feira de combate à inflação “não aliviam a austeridade que se abateu sobre os portugueses” e declaram que “é urgente romper com o processo de empobrecimento em curso que se agravou nos últimos anos, e nos últimos meses de forma dramática”. O alargamento dos apoios é uma das possibilidades que está em cima da mesa, adiantou ao PÚBLICO o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras.

O tema é abordado pelos dois presidentes de câmara do PSD num texto que assinam na edição deste sábado do semanário Nascer do Sol, intitulado Travar o PrEC -Processo de Empobrecimento em Curso. Carlos Carreiras e Carlos Moedas assumem o compromisso de avançar com um pacote de medidas conjunto que contemplam várias áreas: educação, envelhecimento, infância, natalidade, habitação, saúde, economia local, cultura e fiscalidade. A agricultura não foi esquecida. O plano contempla a reinvenção da agricultura nos dois municípios.

“Mais do que medidas avulsas transformadoras da percepção, mas não da realidade, o nosso plano propõe-se fazer uma diferença positiva na vida das famílias e das empresas. Não responde a ideologias nem a coligações. Serve a causa do personalismo e o partido das pessoas”, refere o texto, criticando o plano de medidas anunciado pelo primeiro-ministro. “Este é um plano preguiçoso, em linha, aliás, com os sete anos de governação do PS – anos que foram omissos em progressos, parcos em mudanças e abstémios em reformas,” avaliam os dois autarcas.

Ao PÚBLICO, o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, aludiu a algumas das medidas que vão ou já estão a ser aplicadas pelos dois municípios e referiu também que algumas das medidas que estão a ser ponderadas passam pelo alargamento dos apoios sociais até ao quarto escalão de rendimentos declarados em sede de IRS.

O autarca de Cascais fala de medidas “pouco arrojadas” por parte do Governo. “Houve um pouco de preguiça e falta de criatividade”, sublinha o autarca de Cascais, referindo que há medidas que podem ser implementadas em breve e outras que só vão avançar no início do ano. “Vamos esperar pelo Orçamento do Estado”, justifica Carreiras, mencionando que as apostas passam, por exemplo, pela produção de proteína vegetal e animal, pela reinvenção da agricultura e pela produção/venda de energia.

“O nosso objectivo é produzirmos oito toneladas de trigo este ano e atingirmos as 12 toneladas no próximo ano,” disse, frisando que a autarquia a que preside tem vindo a comprar terrenos para os transformar em pomares, na produção de horticultura e de também de cultivo de trigo.

Carlos Carreiras admite que esta forma de actuar é uma tomada de posição perante o “plano preguiçoso” do executivo e reitera o que escreveu no texto com Moedas: “A crise, esta crise, não é da responsabilidade do Governo, mas a preservação dos nossos valores comuns e a garantia da protecção das pessoas é. A responsabilidade é do Governo, mas também das lideranças particulares, dos servidores públicos e de todos os responsáveis políticos.”

Os presidentes das câmaras de Lisboa e Cascais devem reunir-se na próxima quarta-feira para discutir e afinar o plano conjunto que está em curso.

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