Aumento das ondas de calor deverá piorar a qualidade do ar no futuro, diz OMM

Organização Mundial de Meteorologia lança boletim anual sobre os efeitos do aquecimento global e as alterações climáticas no estado da qualidade do ar mundial.

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Atmosfera laranja devido ao fumo causado por incêndio na Califórnia em Agosto de 2021 Fred Greaves/Reuters

As emissões de gases com efeito de estufa, as ondas de calor e os incêndios florestais estão entrelaçados no grande fenómeno das alterações climáticas, que provavelmente terá um efeito nefasto na qualidade do ar, antecipa um novo relatório da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), publicado nesta quarta-feira.

O Boletim da OMM sobre o Clima e a Qualidade do Ar avisa que o aumento de frequência e de intensidade das ondas de calor, devido às alterações climáticas, deverá fazer com que os incêndios se intensifiquem, o que levará a um aumento da poluição atmosférica e à deterioração da qualidade do ar no futuro.

“À medida que o globo aquece, espera-se que os incêndios florestais e a poluição do ar associada aumentem, mesmo num cenário de baixas de emissões [de gases com efeito de estufa]. Além dos impactos na saúde humana, isto vai também afectar os ecossistemas à medida que os poluentes atmosféricos assentem da atmosfera para a superfície terrestre”, explica Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, citado num comunicado daquela instituição.

“Observámos isto durante as ondas de calor deste ano na Europa e na China quando condições atmosféricas altamente estáveis, a luz solar e correntes de ar com pouca velocidade conduziram a níveis de poluição altos”, adianta o especialista.

Apesar do exemplo dado por Petteri Taalas, o boletim centrou-se nos fenómenos de 2021, como os incêndios que se alastraram pela América do Norte e pela Sibéria, que produziram um aumento de concentração de partículas PM 2,5. “Isto é uma amostra do que será o futuro”, avisa Petteri Taalas.

Os incêndios não são a única fonte da poluição atmosférica. A própria emissão de gases com efeito de estufa está associada à emissão de monóxido de azoto, que ao reagir com a luz solar produz ozono, um gás venenoso para os humanos quando se acumula na superfície terrestre. Além disso, o boletim avisa de que a deposição atmosférica de poluentes como o azoto, o enxofre e o ozono podem “afectar negativamente os serviços que os ecossistemas naturais providenciam”, alerta o comunicado da OMM.