Liz Truss: “Estou confiante de que, juntos, conseguiremos passar pela tempestade”

A nova primeira-ministra do Reino Unido apontou a economia, a energia e o Sistema Nacional de Saúde como prioridades do seu Governo e prometeu lidar com a crise energética criada pela “guerra de Putin.”

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Liz Truss e seu marido Hugh O'Leary à porta do número 10 da Downing Street, em Londres Reuters/HANNAH MCKAY

Liz Truss, que foi indigitada esta terça-feira primeira-ministra do Reino Unido, prometeu que tudo fará para reconstruir a economia do país e apresentou as medidas que pretende pôr imediatamente em prática, com a crise energética como grande prioridade.

No seu primeiro e curto discurso como chefe do Governo britânico, em frente ao número 10 de Downing Street, Truss começou por falar do encontro com a Rainha Isabel II e deixou uma palavra ao seu antecessor, Boris Johnson.

“A História irá vê-lo como um primeiro-ministro extremamente competente”, disse Truss, elogiando a postura de Johnson perante o “Brexit”, os planos de vacinação contra a covid-19 e a oposição ferrada ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin, que trouxe a crise económica a toda a Europa.

De seguida, a nova primeira-ministra apresentou as medidas que pretende implementar, garantindo que fará de tudo para pôr o país a funcionar novamente. Reconheceu, ainda que chegou ao Governo num “momento vital” e que não terá uma tarefa fácil - “mas vamos conseguir”, assegurou.

Deste modo, reforçou que tem três grandes prioridades para o seu mandato: “A economia, a energia e o Sistema Nacional de Saúde (NHS).” “Faremos com que o Reino Unido volte a trabalhar, com um plano ousado para fazer crescer a economia através de cortes nos impostos e reformas”, começou por dizer. Assegurou ainda que vai “pôr as mãos na massa” para lidar com a crise energética e económica “criada pela guerra de Putin”.

Prometeu, ainda, que trabalhará para melhorar os serviços de saúde britânicos: “Garanto que as pessoas conseguirão ter consultas e todos os serviços médicos que necessitam.”

A nova primeira-ministra aproveitou o clima frio e cinzento que marcou esta terça-feira em Londres para deixar uma mensagem de esperança: “Por muito forte que a tempestade seja, sei que o povo britânico é mais forte. Temos talento, energia e determinação. Estou confiante que, juntos, conseguiremos ultrapassar esta tempestade, reconstruir a nossa economia e tornar o Reino Unido num país moderno e brilhante.”

O discurso ocorreu depois de se ter encontrado com a Rainha Isabel II, no Castelo de Balmoral, na Escócia, que lhe pediu que formasse um novo Governo o mais depressa possível depois de ter aceitado o pedido de demissão de Boris Johnson. Numa fotografia tornada pública, a Rainha, apoiada numa bengala, cumprimentou Truss, que se tornou a 15.ª chefe de Governo em 70 anos de reinado da monarca, de 96 anos.

Boris Johnson abandonou o castelo minutos antes, por volta das 12h00, depois de também se ter reunido com a Rainha, acompanhado da sua mulher. Num comunicado, o Palácio de Buckingham refere que Johnson “apresentou a sua demissão como primeiro-ministro e Primeiro Lorde do Tesouro” e que “Sua Majestade teve o prazer gracioso de aceitar”.

Liz Truss viajou de seguida para a residência oficial em Downing Street, Londres, onde realizou o seu discurso inaugural antes de apresentar a composição do novo governo. A transição resultou da eleição interna para a liderança do Partido Conservador, iniciada em Julho, na qual Truss foi declarada vencedora na passada segunda-feira, com 57% dos votos.

Truss herda uma economia em crise, com inflação em valores de dois dígitos, com o custo da energia a subir e com o Banco da Inglaterra a alertar para uma longa recessão até ao final deste ano.

Uma das primeiras medidas do novo Governo poderá ser um pacote de 100 mil milhões de libras (115 mil milhões de euros) para conter os impactos da crise energética, que pode incluir um congelamento das facturas individuais e das pequenas empresas.

Governo sem homens brancos nos lugares de topo

A seguir ao breve discurso, Liz Truss entrou na residência oficial, a partir de onde começaram a ser anunciadas as saídas do Governo até agora liderado por Boris Johnson e as novas entradas no Executivo.

A nova primeira-ministra britânica seleccionou um gabinete onde, pela primeira vez, um homem branco não ocupará os quatro cargos ministeriais mais importantes do país.

Truss nomeou Kwasi Kwarteng – cujos pais vieram do Gana na década de 1960 – como o primeiro ministro das Finanças negro do Reino Unido, substituindo Rishi Sunak, o candidato derrotado na eleição para líder do Partido Conservador.

James Cleverly, cuja mãe é oriunda da Serra Leoa, será o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, ocupando o lugar que era até agora de Liz Truss. A até agora procuradora-geral Suella Braverman sucede a Priti Patel como a segunda ministra do Interior de minoria étnica, ficando responsável pela segurança interna e pela imigração.

Para o cargo de número dois do Governo, Truss escolheu Thérèse Coffey, que acumulará o cargo de vice-primeira-ministra com a pasta da Saúde.

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