Boris Johnson: “É tempo de a política acabar. É tempo de apoiarmos Liz Truss e o seu programa”

O agora antigo primeiro-ministro acrescentou que grandes desafios esperam a sua sucessora, nomeadamente a crise económica em que o país mergulha, directamente afectada pela guerra na Ucrânia. Afirmou, contudo, ter esperança no trabalho de Truss.

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Boris Johnson foi ouvido por uma multidão de deputados, ministros, amigos e familiares Reuters/HENRY NICHOLLS

Boris Johnson deixou o seu escritório em Downing Street na manhã desta terça-feira e fez um discurso ao povo no qual relembrou os grandes marcos do seu trabalho enquanto primeiro-ministro e onde reassegurou a sua confiança em Liz Truss para o substituir a governar o Reino Unido. Deixou também claro que o Governo continuará a socorrer as famílias em dificuldades perante o aumento das contas de energia e a queda do poder de compra.

Johnson começou por enunciar o Brexit e o programa de vacinação que implementou enquanto primeiro-ministro como dois dos grandes sucessos que conseguiu atingir, mas não se ficou por aí. Acrescentou ainda o plano de apoio económico que implementou perante a crise gerada pela guerra na Ucrânia, a forma como reforçou o combate ao crime no país, como aumentou a construção de novos hospitais e mais infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias e como diminuiu os níveis de desemprego.

“Apesar de toda a oposição e de todos os negativistas, conseguimos aprovar um plano de apoio económico perante esta crise provocada pela guerra de Vladimir Putin. Se Putin pensa que pode ser bem-sucedido com chantagem e bullying sobre o povo britânico, está completamente enganado”, afirmou.

“Para além disto, saio com um desemprego em níveis tão baixos como não via desde os meus 10 anos. É isto que um Governo conservador é capaz de fazer”, acrescentou.

Ainda assim, Johnson deixou explícito o seu apoio claro à sucessora: “É tempo de a política acabar. É tempo de apoiarmos todos Liz Truss e o programa dela”, afirmou, não sem antes destacar que, consigo, o Partido conseguiu “a maior maioria desde 1983”. “Se o cão Dilyn e o gato Larry conseguem ir além das suas diferenças, o Partido Conservador também consegue”, disse, referindo-se aos dois animais de estimação da residência do primeiro-ministro.

“Vou dar a este Governo nada mais do que o mais apoio fervoroso. Este é um momento difícil para a economia, para as famílias de todo o país, mas nós podemos e vamos sair disto mais fortes”, concluiu.

Boris agradeceu, ainda, a todos os que o apoiaram. E acrescentou: “Hoje vejo que lançámos fundações que irão resistir ao teste do tempo. Estarei do lado de Liz Truss e do novo Governo em cada passo”.

Sobre o seu futuro, Boris Johnson deixou também uma mensagem: “Sou como um daqueles propulsores que já cumpriu a sua função e que vai, agora, reentrar suavemente na atmosfera e cair de forma invisível num canto remoto e obscuro do Pacífico”. “O bastão será entregue” naquele que diz ter sido um fim inesperado do seu cargo enquanto primeiro-ministro, uma vez que “as regras foram mudadas a meio do caminho.”

Não se coibiu, contudo, de deixar um aviso aos desafios que esperam a nova primeira-ministra. “Estamos num momento difícil para a economia e para as famílias de todo o país. Mas podemos e vamos superar isso. Sairemos desta crise ainda mais fortes”,

O agora antigo primeiro-ministro voará para o Castelo de Balmoral, na Escócia, onde vai apresentar formalmente a demissão à rainha Isabel II por volta das 11h20. Truss será recebida também pela rainha após a visita de Johnson – cerca de meia hora depois – e oficialmente convidada a formar um Governo, quando for declarada primeira-ministra.

Espera-se que Truss voe directamente de volta a Londres e que discurse em frente ao número 10 de Downing Street por volta das 16h - embora possa ser forçada a falar de dentro do prédio devido à previsão de fortes tempestades.

A nova primeira-ministra deixou, também, uma mensagem de elogio ao seu trabalho elaborado pelo seu “amigo”. “Boris, durante o seu Governo conseguiu o Brexit, esmagou Jeremy Corbyn, lançou o programa de vacinação e enfrentou o Presidente da Rússia, Vladimir Putin. Posso dizer que foi admirado de Kiev a Carlisle”, afirmou.

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