Melhor vitória de Frances Tiafoe teve pré-aviso

Rafael Nadal afastado nos oitavos-de-final do US Open. João Sousa eliminado nos quartos-de-final de pares.

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Frances Tiafoe conseguiu 49 winners diante de Nadal EPA/CJ GUNTHER

A vitória de Frances Tiafoe sobre Rafael Nadal só surpreendeu quem não ouviu o norte-americano avisar que, desta vez, estava preparado para derrotar um dos melhores tenistas de sempre. Com os dois duelos de 2019 presentes na memória, Tiafoe afirmara que era um jogador diferente e que acreditava que podia vencer o espanhol. No grandioso palco do Arthur Ashe Stadium, Tiafoe trocou as palavras por grandes serviços, direitas, vóleis e uma atitude competitiva do princípio ao fim para assinar a maior vitória de um tenista americano no quadro masculino desde 2005, quando, na terceira ronda, James Blake derrotou… Nadal.

A confiança de Tiafoe aumentou ainda mais quando ganhou o set inicial, o primeiro diante do espanhol, em enfrentar um break-point. Depois de ceder a segunda partida com uma dupla-falta, o filho de pais emigrados da Serra Leoa em 1996 mostrou maior maturidade para recuperar o foco e a coragem de continuar a praticar um ténis ofensivo, mesmo quando Nadal liderou o quarto set, por 3-1. E ao fim de três horas e meia, após concluir com os parciais de 6-4, 4-6, 6-4 e 6-3, as lágrimas encheram os olhos de Tiafoe.

“Foi mesmo uma grande exibição”, reconheceu Tiafoe (26.º no ranking mundial), autor de 49 winners, incluindo 18 ases e 17 pontos ganhos na rede. “Agora sou uma pessoa diferente, um jogador diferente”, afirmou o tenista de 24 anos.

Tiafoe começou a jogar ténis com o seu irmão gémeo, Franklin, no Junior Tennis Champions Center em Maryland, onde o seu pai era chefe de manutenção. Foi número dois no ranking mundial júnior, conquistou o primeiro (e único) título em 2018 e no ano seguinte, era quarto-finalista no Open da Austrália. Mas a evolução estagnou.

No primeiro semestre de 2022, o ponto alto foi a presença na final do Millennium Estoril Open, onde Tiafoe actuou desgastado dos quatro encontros anteriores sempre em três sets. Em Wimbledon esteve nos “oitavos” e semanas mais tarde atingiu o seu melhor ranking de sempre, 24.º.

“Quando cheguei ao circuito, muitas pessoas tinham grandes expectativas sobre mim, mas não estava preparado mentalmente, não tinha a maturidade necessária. Nestes dois últimos anos tenho conseguido progredir. Tenho uma boa equipa atrás de mim, baixei a cabeça e estou contente com a vida em geral. Sou capaz de ser eu, fazer as coisas à minha maneira e desfrutar do desporto que amo”, disse Tiafoe, antes de revelar que ficou louco quando leu um tweet do seu ídolo, LeBron James, a dar-lhe os parabéns. “Pensei: ‘vou responder já ou armar-me em fixe, fingir que não vi e responder três horas depois?’”, contou o mais jovem americano a alcançar os quartos-de-final do US Open desde Andy Roddick, finalista em 2006 com 24 anos.

Nadal, que tinha ganhado todos os 22 encontros que realizara este ano em majors – desistiu em Wimbledon antes de defrontar Nick Kyrgios – acusou a falta de ritmo por ter competido pouco e treinado com menor intensidade do que habitual. “Não consegui manter o nível alto o tem suficiente e ele bateu muito cedo na bola demasiadas vezes. Ténis é um desporto de posicionamento, caso contrário temos que ser muito rápidos ou muito novos”, afirmou o espanhol, que cometeu quatro duplas faltas no quarto set (nove no total).

Nadal vai regressar a casa, pois está prestes a ser pai pela primeira vez, esperando terminar a época com boas sensações. Apesar da derrota, Nadal poderá regressar ao primeiro lugar do ranking que ocupou pela última vez em Janeiro de 2020, mas está dependente do que ainda possam fazer no US Open os outros dois candidatos, Carlos Alcaraz e Casper Ruud.

Alcaraz (4.º) deu um passo importante para esse objectivo, ao derrotar o croata Marin Clic (17.º), por 6-4, 3-6, 6-4, 4-6 e 6-3, num encontro que terminou às 2h23 locais – três minutos menos que o recorde do final mais tardio no US Open. O espanhol de 18 anos é o mais jovem tenista a chegar aos quartos do US Open em dois anos consecutivos desde 1953. E Cilic, campeão aqui em 2014, era o único vencedor de um major que ainda estava em prova. Ruud (7.º) imitou-o já na terça-feira ao ultrapassar Matteo Berrettini (14.º), por 6-1, 6-4 e 7-6 (7/4).

Nos “quartos”, Alcaraz vai defrontar Jannik Sinner (13.º) que já pode orgulhar-se de disputar os quartos-de-final em todos os quatro Grand Slams. O italiano de 21 anos recuperou de 1-3 no quinto set, para ultrapassar o combativo Ilya Ivashka (73.º), por 6-1, 5-7, 6-2, 4-6 e 6-3, em três horas e 48 minutos.

Entre as quarto-finalistas femininas, só Iga Swiatek é que já sabe o que é ganhar um major. A líder do ranking não esteve brilhante, mas lutou para vencer Jule Niemeier (108.ª), por 2-6, 6-4 e 6-0. Swiatek defronta agora Jessica Pegula (8.ª) e Aryna Sabalenka (6.ª) enfrenta Karolina Pliskova (22.ª), a única que já esteve na final do US Open, em 2016.

Nos quartos-de-final do torneio de pares, João Sousa e o brasileiro Marcelo Demoliner foram eliminados pelos cabeças de série n.º 2, Wesley Koolhof e Neal Skupski, por 6-3, 6-1.

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