Urbanismo e habitação: o PÚBLICO vence dois prémios do “Jornalismo para a Sustentabilidade”

A Fundação Mestre Casais e o Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), através dos prémios Jornalismo para a Sustentabilidade, galardoaram os melhores trabalhos focados nesta temática. Entre os premiados estão as reportagens “Seis décadas depois de Jane Jacobs, ainda andamos a tentar salvar a rua” e “Habitação: do protesto à proposta”.

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Abel Coentrão (à esquerda), autor da reportagem "Seis décadas depois de Jane Jacobs, ainda andamos a tentar salvar a rua" D.R.
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Luísa Pinto e Rui Barros, autores da reportagem "Habitação: do Protesto à Proposta" D.R.

Os trabalhos do PÚBLICO “Seis décadas depois de Jane Jacobs, ainda andamos a tentar salvar a rua”, uma reportagem assinada por Abel Coentrão e Adriano Miranda, e “Habitação: do Protesto à Proposta”, trabalho interactivo de Luísa Pinto e Rui Barros, foram distinguidos com o segundo prémio nas categorias de imprensa e digital, respectivamente, na primeira edição dos prémios Jornalismo para a Sustentabilidade.

A reportagem dos jornalistas Abel Coentrão e Adriano Miranda parte do ponto de vista do livro de Jane Jacobs A Morte e a Vida de Grandes Cidades Americanas, em que activista aponta que as políticas do urbanismo do século XX vão levar ao declínio das cidades e das comunidades, porque estão a criar espaços urbanos isolados e não-naturais. O mundo foi-se desenvolvendo, tendo em atenção a este problema, fazendo surgir novas formas de urbanização, como a Cidade dos 15 minutos ou as ruas inclusivas de Pontevedra, em Espanha, que são os objectos principais da reportagem.

Para Abel Coentrão, este trabalho surgiu da necessidade de olhar para “as cidades como um todo”. Esta reportagem “decorreu do aprofundamento de uma experiência de muitos anos a dedicar-me a temas que começaram por ser sobre transportes pesados, passando depois para a mobilidade, tendo percebido depois que tinha de deixar de falar da mobilidade para olharmos para as cidades como um todo, porque é na forma como as cidades estão organizadas que estão muitos dos nossos problemas”, revelou o jornalista na cerimónia de entrega de prémios, no edifício do Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), em Matosinhos. “Este é um trabalho sobre as perspectivas de reabilitação da rua, o que implica não dependermos do carro no espaço no espaço urbano”, acrescentou.

A reportagem interactiva de Luísa Pinto e Rui Barros aborda um outro ponto da sustentabilidade, que é a problemática da habitação em Portugal. No sentido de mostrar as razões que levaram a uma crise habitacional no país, este trabalho apresenta dois pontos criados em forma de protesto, um relacionado com a financeirização e a liberalização do mercado de habitação e o outro sobre a mobilização e a luta pelo direito à habitação. Para dar resposta a este problema, a reportagem mostra duas propostas de soluções para enfrentar a crise habitacional e os seus impactos na vida dos portugueses.

A habitação, sublinhou a jornalista Luísa Pinto aquando da entrega do prémio, “é um tema complexo que continua a estar em cima da mesa e vai continuar a estar. Estes temas são importantes e têm de ser tratados de uma forma diferente, daí usarmos as novas ferramentas digitais [para contar esta história]. Rui Barros acrescentou que, dada a problemática da reportagem, se tornou necessário pensar “fora da caixa” e em “inovação” para “tornar o trabalho mais interactivo”, de modo a ser apelativo para os leitores.

Os prémios Jornalismo para a Sustentabilidade da Fundação Mestre Casais e do CEiiA atribuíram o primeiro prémio na categoria de imprensa ao trabalho Dez horas e quatro comboios: a viagem possível entre Lisboa e Madrid dos jornalistas Carlos Cipriano, Ruben Martins (ambos do PÚBLICO), Diogo Ferreira Nunes e Leonardo Negrão, publicado na Notícias Magazine. Na categoria do digital, o primeiro prémio foi dado a Micael Ramos Pereira do jornal Expresso com a reportagem Black Trail.

Na categoria de televisão, a reportagem Destino Europa – Contaminação dos jornalistas Filipe Caetano e Inês Tavares Gonçalves, da TVI, recebeu o primeiro prémio e o segundo prémio foi atribuído ao trabalho Alentejo, azeite e água de Carlos Rico, Carlos Morais e António Soares, da SIC.

Na cerimónia de entrega de prémios, que ocorreu esta segunda-feira, estiveram ainda presentes José Rui Felizardo, presidente do CEiiA, José Gomes Mendes, presidente do executivo da Fundação Mestre Casais, João Matos Fernandes, ex-ministro do ambiente e acção climática, e Isabel Ferreira, secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, que não deixaram de salientar a importância da sustentabilidade e o papel do jornalismo como um pilar importante na sociedade portuguesa.