Exposição
Da pressão social à violência obstétrica: A grávida é de todos mostra o outro lado da gravidez
A exposição e livro da ilustradora Gabriela Araújo vão ser apresentados a 3 de Setembro na Galeria Padaria Águas Furtadas, no Porto, e mostram a realidade da gravidez — da pressão social à violência obstétrica.
Uma mulher pertence a ela própria, mas uma mulher grávida parece pertencer a todos. Esta é a conclusão de um livro e de uma exposição de ilustração sobre grávidas e gravidezes da motion designer Gabriela Araújo, que vão ser apresentados no sábado, 3 de Setembro, na Padaria Águas Furtadas, no Porto.
A ansiedade com que viveu a gravidez, sem saber muito bem como lidar com o peso que a sociedade coloca nas grávidas, fez nascer um pequeno livro ilustrado e uma exposição como forma de “lidar com tudo isto dos mitos, dos comentários inofensivos, da invasão do espaço pessoal”. É também uma forma de “questionar porque é que existe uma só narrativa, quando as grávidas podem ter experiências completamente diferentes”, conta a ilustradora, em conversa com o P3.
O livro segue a história de Catarina, uma personagem fictícia, que vive o que a sociedade espera das grávidas, “de que estar grávida é bom e traz imensa felicidade, sendo uma altura espectacular na vida da mulher”. Mas as ilustrações que acompanham a história dizem o contrário. Com esta dualidade, Gabriela quer mostrar que “Catarina pode ser dela, mas a grávida é de todos”.
Patente até 7 de Outubro, a exposição, para além de exibir ilustrações sobre o aspecto social da gravidez, procura ainda informar as grávidas dos problemas que podem existir durante a gestação e o parto. A motion designer conta que A grávida é de todos apresenta “45 testemunhos de histórias de gravidezes, em que grande parte é sobre violência obstétrica”, dados sobre “os direitos legais das grávidas” e informação sobre “como é que se pode denunciar violência obstétrica”.
A Galeria Padaria Águas Furtadas abre as portas para receber esta exposição que para Gabriela era o “que gostava de saber” quando estava grávida: "[Estes trabalhos são] Aquilo que eu gostaria de ter tido acesso, porque isto acontece muito mais do que as pessoas julgam.”
O evento de lançamento e inauguração vai ainda contar com a presença da advogada Mia Negrão, que irá expor algumas informações sobre direitos legais, e o Observatório da Violência Obstétrica em Portugal. Parte dos lucros da venda do livro e das ilustrações será revertida para esta associação.
Texto editado por Amanda Ribeiro