Tudo a postos para a Ártemis I: à segunda é de vez?
Depois do adiamento da primeira janela de oportunidade, na última segunda-feira, há esperanças redobradas para este sábado. Entre as 19h17 e as 21h17 podemos ver a primeira etapa de uma longa jornada até à Lua.
Os problemas parecem estar resolvidos e a previsão meteorológica mostra que não deveremos ter intromissões de trovoadas e chuvas fortes durante a segunda tentativa de lançamento da Ártemis I. Os olhos colam-se na contagem decrescente e a expectativa de ver o foguetão Space Launch System (SLS) descolar para o primeiro grande teste do regresso dos humanos à Lua aumenta: este sábado, entre as 19h17 e as 21h17 (hora de Portugal continental), poderemos acompanhar a primeira viagem do programa Ártemis.
É a primeira etapa de uma longa jornada com dois grandes objectivos: o regresso à Lua e a visita a Marte. Nesta primeira missão do novo programa de exploração espacial da NASA não há astronautas. O foguetão SLS vai levar a Órion (a cápsula acoplada no topo do foguetão) ao espaço, num teste de voo não tripulado em torno da Lua – que permitirá garantir que tudo está a funcionar correctamente (ou fazer ajustes para os próximos voos).
A missão durará 37 dias, aponta a NASA, com um trajecto de mais de dois milhões de quilómetros para percorrer, e o regresso a Terra marcado para 11 de Outubro. E a missão não é um simples ir e voltar. A agência espacial norte-americana terá nesta viagem o primeiro teste aos sistemas, às infra-estruturas e à própria cápsula que levará astronautas na futura Ártemis III. Por exemplo, um dos principais objectivos destacados pela NASA é avaliar se o escudo térmico da Órion consegue resistir às condições de alta velocidade e de elevado calor (2800 graus Celsius) quando a cápsula regressar à atmosfera terrestre.
Agora, está tudo a postos. Depois do problema identificado num dos motores do andar principal que impediu a descolagem na primeira janela de oportunidade anunciada (na passada segunda-feira), as perspectivas são positivas. As questões técnicas parecem estar resolvidas e existe agora uma probabilidade de 60% de termos todas as condições meteorológicas reunidas nas duas horas em que o foguetão pode descolar: “Não espero que a meteorologia seja um impedimento em nenhuma das datas”, adiantou Melody Lovin, meteorologista da NASA, esta sexta-feira em conferência de imprensa de antevisão desta segunda tentativa de lançamento.
A partir do Centro Espacial Kennedy, na Florida, não teremos astronautas nas portas de embarque, mas a cápsula não viaja vazia. A bordo da Órion estarão três manequins que serão monitorizados para avaliar as radiações que o corpo humano irá sofrer quando regressar à Lua. Nesta primeira missão, serão ainda lançados dez minissatélites em órbita da Lua, para aprofundar o conhecimento que temos da superfície do nosso satélite natural e dos potenciais recursos existentes.
Caso não seja possível descolar este sábado, a próxima janela de oportunidade é na segunda-feira, 5 de Setembro. E se não partir, a Ártemis I ficará em suspenso, dado que os sistemas de voo do foguetão terão de voltar a ser testados para confirmar a segurança da viagem. Isto porque os testes a estes sistemas têm uma validade de 20 dias, que será ultrapassada a partir de 6 de Setembro.