Helicóptero de combate aos incêndios cai em Amares, Braga
O piloto foi encontrado consciente pelos bombeiros depois da queda da aeronave, que terá batido num cabo de alta tensão.
Um helicóptero de combate aos incêndios caiu, nesta quinta-feira, em Amares, distrito de Braga. A aeronave terá colidido com um cabo de alta tensão. O piloto, e único tripulante do aparelho, foi encontrado consciente pelos bombeiros. A informação foi avançada pelo Jornal de Notícias e confirmada ao PÚBLICO pelo CDOS de Braga, que deu conta que no terreno já estão meios de socorro.
Em comunicado enviado às redacções, a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil refere que “foram de imediato mobilizados meios de socorro para o local” perante o alerta, que foi dado pelas 19h25, sendo que o piloto, que se encontrava consciente, foi logo “avaliado pela equipa de socorro”.
Entretanto já foi encaminhado para o Hospital de Braga, onde será avaliado e analisado em ambiente hospitalar, segundo disse à Lusa o comandante Pedro Araújo, da Protecção Civil. Trata-se “de um ferido grave, com várias lesões e fracturas, nomeadamente ao nível dos membros inferiores e da zona pélvica”, mas que “está fora de perigo de vida”, sublinha.
Pelas 21h, o piloto ainda se encontrava encarcerado no helicóptero, segunda uma fonte ligada ao sector da aviação, que deu conta de que a viatura de desencarceramento não conseguia chegar ao local do acidente. O aparelho terá colidido com um “cabo de alta tensão”, revelaram fontes de socorro.
O presidente da Câmara de Amares, Manuel Moreira, que se encontrava próximo da zona do acidente, confirmou à Lusa que o aparelho caiu na União de Freguesias de Paranhos e Caldelas, na localidade de Real, quando combatia um incêndio no concelho. Mas na altura disse que não dispunha de mais informações, nomeadamente quanto ao estado do piloto.
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) já foi notificado do acidente, sendo que “amanhã de manhã (sexta-feira) estará uma equipa no local para dar início às investigações”, revelou fonte do organismo à Lusa.
O aparelho em questão tratava-se de “um helicóptero médio de combate a incêndios rurais, de indicativo operacional Hotel 60, sedeado no Centro de Meios Aéreos de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, e pertencente ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais”, lê-se na nota da Protecção Civil.
O incêndio que lavra em Amares está a ser combatido por 34 operacionais, apoiados por 12 viaturas, segundo o site da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, consultado às 21h12.
Associação de Protecção e Socorro lamenta que “avarias em voo” sejam frequentes
Em reacção ao incidente, a Associação de Protecção e Socorro (APROSOC) emitiu um comunicado a criticar a “ausência de equipamento específico para a detecção de obstáculos no ar” que “continua a fazer vítimas e a revelar que nada se aprendeu com os acidentes anteriores em que outros pilotos ficaram feridos ou perderam a vida”.
É por isso que o presidente da APROSOC, João Paulo Saraiva, refere que, “infelizmente, não ficaram surpresos com a notícia, já que “estes meios reportam frequentemente avarias em voo (...), colocando mesmo em causa as inspecções técnicas realizadas”.
Como exemplos de avarias passadas, o dirigente menciona o caso de um helicóptero que combatia os incêndios na Trafaria, em Setúbal, e que não conseguiu abrir o sistema de água. Ou um outro que partiu a cauda na aterragem enquanto combatia um fogo “no norte do país”.
“Os pilotos destes meios [aéreos] devem ser as pessoas mais crentes na protecção divina, porque a protecção técnica deixa aparentemente muito a desejar”, observou, lançando ainda uma pergunta: “se uma aeronave pode ser tripulada somente pelo piloto, o que evita a queda até mesmo numa zona habitacional em caso de doença súbita do piloto?”.