Cinema no Estendal mostra “curtas” onde não é “usual” — desta vez, o Lavadouro Público do Lumiar

A sétima edição do festival de curtas-metragens Cinema no Estendal vai acontecer no Lavadouro Público do Lumiar, em Lisboa, nos dias 2 e 3 de setembro. O festival de entrada gratuita pretende “trazer o cinema para a rua”, ocupando o espaço público para envolver as comunidades nas artes.

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Cinema no Estendal traz para a rua curtas-metragens. Nos dias 2 e 3 de setembro, o festival acontece no Lavadouro Público do Lumiar, em Lisboa Ricardo Pereira/D.R

Um lençol, um estendal, um projector e um bairro. Assim começou o festival de curtas-metragens Cinema no Estendal, que nos dias 2 e 3 de Setembro vai ocupar o Lavadouro Público do Lumiar, em Lisboa, para uma nova edição que pretende “trazer o cinema para a rua” para “reivindicar o uso do espaço público através da cultura e da arte audiovisual”, explica Ricardo Guerreiro, da organização.

A sétima edição do festival vai exibir 20 curtas-metragens nacionais e internacionais, que retratam “temas centrais que preocupam actualmente, como todo o pós-pandemia, a guerra em que vivemos, os direitos da mulher ou o problema das alterações climáticas”, refere ainda o organizador.

I showed him covid-19, de Karolina Gliniewicz, da Polónia, O rapaz e a coruja, de Mário Gajo de Carvalho, de Portugal, Jamaika, de Alexander Sussmann, também de Portugal, Ain't no time for women, de Sarra El Abed, do Canadá, e Nina, de Alexandra Brodski, do Reino Unido, são algumas das “curtas” exibidas nos dois dias do festival, que apresenta uma variada programação de filmes dos vários géneros cinematográficos, desde ficção a documentários, filmes experimentais a animação.

Nesta nova edição, procurou-se fugir do “centro cultural onde tudo acontece em Lisboa”, indo para “bairros periféricos onde a programação cultural é menos abundante”, explica Ricardo. Os habitantes do Lumiar recebem agora o festival itinerante que promove a ocupação do espaço público para envolver as comunidades nas artes de forma gratuita.

“Ocupamos uma ruazinha, uma escadaria e as pessoas podem simplesmente ir e vir, sem ter de comprar bilhete, sem ter de entrar num recinto. O objectivo é pôr o cinema em espaços onde não é muito usual vê-lo. Esta ocupação do espaço público tornou-se um ponto importante para o festival.”

Do lençol para a tela

O Cinema no Estendal arrancou em 2018, a partir de uma conversa entre três amigos. Queriam organizar um festival, então decidiram projectar “curtas” num lençol e num estendal, pois “parecem objectos feitos para esse objectivo”, graceja Ricardo, que estudou Cinema e é realizador.

Oito edições depois (seis em Lisboa e duas em Monchique, no Algarve), o conceito evoluiu. “Actualmente, o festival já não é organizado com um lençol, apresenta agora uma tela própria de cinema, mas tudo nasceu da simples vontade de querer fazer um festival de cinema de curtas-metragens.”

Mas o festival também se estende para outras artes, como fotografia, pintura ou instalações artísticas. “O cinema é o motor principal do evento, mas também esperamos que traga outras artes para a rua”, aponta Ricardo.

Nesta edição, por exemplo, o Lavadouro Público do Lumiar vai receber uma exposição/instalação que “cria um ambiente imersivo em torno de elementos que tenham a ver com o universo do estendal e toda a vida de bairro que este simboliza”. Uma “senhora do bairro a explicar como dobrar e pendurar a roupa” ou uma “peça de videoarte com elementos do bairro e dos estendais” são algumas das apresentações que compõem esta exposição artística.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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