Parque de São Roque, “um dos mais bonitos” do Porto, reabriu com mais um hectare
Câmara do Porto investiu 1,4 milhões na reabilitação e expansão da antiga quinta na zona oriental da cidade. Parque infantil e Casa São Roque, centro cultural aberto em 2019, são duas das atracções mais importantes.
Pouco depois de chegar à Câmara do Porto, Rui Moreira reuniu-se com os proprietários de um lote onde ia ser construído um condomínio com vistas para o Douro. O presidente da Câmara do Porto queria comprar-lhes o terreno adjacente a esse, sem capacidade construtiva, na Travessa das Antas. Do lado de lá, a resposta veio encabulada: aquela mata, um eucaliptal sem qualquer uso há vários anos, era, na verdade, propriedade municipal. O autarca do Porto contou a história esta quinta-feira na inauguração do renovado Parque de São Roque, que se expandiu precisamente para esse terreno que a autarquia não precisou, afinal, de comprar.
São mais 1,2 hectares, que transformam São Roque, em Campanhã, num parque com 5,2 hectares. E com uma zona mais plana, sem os desníveis que caracterizam o restante parque, capaz de atrair novos públicos. Essa conquista dos portuenses (e não só, já lá vamos) tem-se feito, também, com a ajuda do parque infantil (com entrada pela Travessa das Antas) e do espaço cultural Casa São Roque (com entrada pela Rua de São Roque da Lameira), disse Rui Moreira aos jornalistas, depois de palmilhar “um dos parques mais bonitos da cidade”.
A expansão deu a São Roque um parque desportivo e um novo miradouro, com vistas para o rio e a freguesia de Campanhã, onde já se avista o telhado quase todo verde do Terminal Intermodal, inaugurado no fim de Julho. Ao lado de Rui Moreira, o vice-presidente e vereador do Ambiente, Filipe Araújo, ia conduzindo a visita e repetindo expressões de contentamento com aquela obra. Junto à dupla, Paulo Pinto Ribeiro, presidente da junta local, e Pedro Álvares Ribeiro, o coleccionador e banqueiro que reabilitou a Casa São Roque, também não escondiam a satisfação.
Novas árvores
A autarquia quer, a pouco e pouco, substituir as espécies de árvores deste parque, retirando os eucaliptos que o perfumam. Da mata que foi aberta à cidade, “desapareceram muitas árvores”, admitiu Rui Moreira, mas foram também “replantadas muitas” – 210, perfazendo um total de 1230 árvores nos 5,2 hectares.
José Bastos, morador na zona das Antas, parou o passeio com o cão para conversar com Rui Moreira. E deixar um elogio geral e dois reparos: o parque está muito bonito, mas os bancos da zona nova não são confortáveis (não têm costas, ao contrário dos existentes no restante parque) e a capela da antiga quinta, que até à expansão do parque estava escondida, podia ter mais utilidade do que servir de arrecadação para as obras.
Com poucos visitantes nesta manhã, duas crianças juntaram-se ao presidente e à sua equipa de vereação no desbravar do labirinto existente na parte baixa do parque, ainda que Rui Moreira admitisse a vantagem da sua altura, que lhe permitia adivinhar mais facilmente o caminho. “Os meus netos não querem brincar comigo, porque já sabem que consigo ver tudo”, comentou.
A reabilitação do parque incluiu ainda a substituição de pavimentos, o reforço da iluminação, a renovação do mobiliário e bebedouros e a requalificação das redes de abastecimento de água, drenagem de águas residuais e pluviais e ainda distribuição de energia eléctrica. Os jardineiros ganharam condições de trabalho, com balneários e uma estrutura que serve para guardar maquinaria e outros equipamentos.
No palacete amarelo, reabilitado em 2019 para ser um centro de arte contemporânea, está até ao final de Janeiro de 2023 a exposição Warhol, Pessoas e Coisas, que mostra como o ícone da Pop Art marcou gerações de fotógrafos, cineastas e músicos. Pedro Álvares Ribeiro, responsável do centro de arte, serviu um copo-d’água depois de conduzir uma visita ao espaço. Actualmente, contou ao PÚBLICO, cerca de 30% dos visitantes do palacete são de fora do Porto – conquista auxiliada pelas redes sociais e os “múpis” da Câmara do Porto. Ter um parque renovado, acredita, poderá ser mais uma cartada na conquista de público.
Se os desejos de Rui Moreira se concretizarem, o plano de expansão do verde naquela zona não ficam por aqui. Há ideias de criar um contínuo entre o parque e a Praça Velázquez, aproveitando o Complexo Desportivo do Monte Aventino. No resto da cidade, a estratégia de aumentar as áreas verdes continua nos próximos tempos com apostas na reabilitação do Jardim da Corujeira e Praça da República e na criação do Parque da Alameda de Cartes e da Ervilha. Previsões de arranque e término de obras, o autarca prefere não fazer: a fase de “galopante aumento de preços” tem conduzido a concursos desertos e dificuldade em avançar, mesmo com a vantagem de a autarquia do Porto ser “boa pagadora”.