Figueira Jazz Fest abre Setembro com três concertos e encontros inéditos
De volta à Figueira da Foz, o festival apresenta esta quinta-feira João Cabrita com The Legendary Tigerman, Samuel Úria e Selma Uamusse, seguindo-se-lhes Lisboa String Trio com Teresa Salgueiro e Mário Laginha e Pedro Burmester a tocar Bernardo Sassetti.
Terceira edição, três dias, três concertos: de novo em Setembro, como em 2021, o Figueira Jazz Fest está de volta ao Grande Auditório do Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz com novas propostas musicais forjadas em encontros. Se na edição anterior o palco foi ocupado por pelo sexteto de Bernardo Moreira Sexteto com Cristina Branco e Bernardo Couto, Paula Oliveira com Ricardo Ribeiro e o trio de Maria Mendes, este ano o festival abre com o saxofonista João Cabrita e três convidados (The Legendary Tigerman, Samuel Úria e Selma Uamusse), seguindo-se o Lisboa String Trio com a voz de Teresa Salgueiro e os pianistas Mário Laginha e Pedro Burmester lembrando e tocando Bernardo Sassetti.
Estreado em plena pandemia, em 2020, ano da sua primeira edição oficial depois de uma edição experimental no ano anterior, o Figueira Jazz Fest é promovido e organizado pelo município da Figueira, a partir de uma ideia do cantor e actor Joaquim Lourenço, que continua ligado à organização. E procura manter, como este afirmou ao PÚBLICO no ano passado, o seu propósito inicial: “Estamos a tentar fazer espectáculos inéditos, juntar neste festival gente que não é do jazz mas que vem para o jazz, e vice-versa. É este encontro que me parece interessante, pelo menos é a grande valência desta iniciativa”.
O primeiro concerto confirma essa lógica. João Cabrita, saxofonista conhecido pela sua ligação, ao longo de uma carreira que já soma 33 anos, a grupos como os Sitiados, Cool Hipnoise, Cacique 97 ou Cais do Sodré Funk Connection, sobe ao palco esta quinta-feira, dia 1 de Setembro (22h) com três convidados: The Legendary Tigerman, Selma Uamusse e Samuel Úria, tendo os dois primeiros participado na gravação do seu primeiro álbum a solo, Cabrita, lançado em 2020. Como ele disse ao PÚBLICO nessa estreia: “Comecei por fazer uma música mais branca e mais cinzenta, digamos, e estou neste momento a fazer uma música mais negra e mais luminosa, com os blues do Tigerman à mistura”. É essa música que João Cabrita leva agora ao CAE da Figueira (auditório que completa 20 anos em 2022), acompanhado por mais três saxofonistas (André Murraças, Gonçalo Prazeres e João Capinha), com Filipe Rocha na bateria e João Rato nas teclas e na guitarra.
Dia 2, sexta-feira (sempre à mesma hora), é a vez do LST - Lisboa String Trio, com José Peixoto (guitarra clássica), Bernardo Couto (guitarra portuguesa) e Carlos Barretto (contrabaixo). Formado em 2013, o LST já gravou três discos: Matéria (2014), que lhe valeu o Prémio Carlos Paredes atribuído pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira; Lisboa (2016); e Aqui e Ali (2020), com as vozes convidadas de Cristina Branco e María Berasarte, disco que também lhe valeu uma distinção: o tema Ai mas ai de mim foi o vencedor dos International Portuguese Music Awards (IPMA) em 2021, na categoria de Melhor Interpretação de Fado (na voz de Cristina Branco). Agora, o trio terá consigo uma voz que já correu mundo como rosto reconhecível dos Madredeus, Teresa Salgueiro, num percurso partilhado durante anos com José Peixoto e que se reatará agora em palco.
Por fim, o Figueira Jazz Fest encerrará no sábado, dia 3, com a reunião de dois grandes pianistas, Mário Laginha e Pedro Burmester, recordando um terceiro, Bernardo Sassetti (1970-2012), com o qual formaram o projecto 3 Pianos. É antiga, a ligação entre Laginha e Burmester. Iniciada em finais dos anos 1980 e concretizada depois num disco, Duetos (editado em 1994 pela Farol), prosseguiu com Sassetti nos 3 Pianos, interrompendo-se após a morte deste. Retomaram a parceria em 2016, com concertos em Amarante (Festival MIMO) ou Sintra, tocando juntos também na Gulbenkian, em 2018. Agora, dez anos após a morte do celebrado pianista, voltam a juntar-se em palco num concerto onde, além de temas de Bernardo Sassetti, tocarão obras de Piazzolla, Ravel e do próprio Mário Laginha. Este espectáculo, informa a organização, tem o apoio da Casa Bernardo Sassetti.