Meio século depois, Alemanha vai compensar famílias de atletas israelitas mortos nos Jogos de Munique

Familiares estavam decididos a boicotar a comemoração do 50.º aniversário do ataque na Aldeia Olímpica de Munique, em 1972. Ao longo das décadas, as autoridades alemãs têm sido acusadas de falta de segurança nos Jogos e de tentarem encobrir as suas responsabilidades.

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Imagem da tomada de reféns nos Jogos de 1972 DR

Meio século depois do ataque terrorista contra atletas israelitas nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, as famílias das 11 vítimas chegaram a um acordo com o Governo alemão para receberem uma compensação financeira, cujo valor total não foi ainda revelado.

Segundo a notícia, avançada ao início da tarde desta quarta-feira pelo jornal Wall Street Journal e pela agência Associated Press, o acordo possibilita a participação das famílias dos atletas israelitas nas comemorações do 50.º aniversário do ataque, na próxima segunda-feira, em Munique.

“Há acordo”, disse Ankie Spitzer, mulher de Andre Spitzer, o treinador da equipa de esgrima de Israel, em 1972, e uma das vítimas mortais do ataque do grupo palestiniano Setembro Negro.

Na terça-feira, o jornal Süddeutsche Zeitung avançou que o Governo federal alemão, o governo da Baviera e a câmara de Munique aceitaram pagar 28 milhões de euros às famílias dos 11 israelitas mortos em 1972. Durante as várias fases das negociações, os representantes das famílias pediram entre 3,5 milhões de euros e 22 milhões de euros por cada vítima; na semana passada, um advogado dos familiares disse que as autoridades alemãs estavam dispostas a pagar um total de 5,4 milhões de euros ao conjunto das famílias.

Falhanço total

Ao longo das décadas, os familiares dos 11 israelitas mortos em 1972 acusaram as autoridades alemãs de não terem feito o suficiente para proteger os atletas na Aldeia Olímpica de Munique, e de terem tentado encobrir os falhanços da sua reacção ao ataque.

Nessa altura, o Governo da República Federal Alemã quis marcar a diferença em relação aos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936, que serviu de palco a Adolf Hitler para se apresentar ao mundo. Uma das decisões tomadas pelos responsáveis, segundo os historiadores e as notícias da época, foi a implementação de um dispositivo de segurança muito mais discreto e ligeiro do que seria expectável, e que incluiu a presença de guardas desarmados na Aldeia Olímpica.

Na madrugada de 5 de Setembro de 1972, oito membros da organização palestiniana Setembro Negro fizeram reféns nove atletas da comitiva israelita, depois de terem matado outros dois, no início de um ataque que durou mais de 24 horas e que contou com o apoio de membros de um grupo neonazi alemão.

Os atacantes exigiam, em troca, a libertação de 234 prisioneiros palestinianos em Israel, e também dos fundadores da Facção do Exército Vermelho (também conhecido como Baader-Meinhof), Andreas Baader e Ulrike Meinhof, ambos detidos em cadeias na Alemanha Federal.

A tomada de reféns terminou ao fim da manhã de 6 de Setembro, com uma intervenção das autoridades alemãs que resultou na morte dos nove atletas israelitas, de cinco dos oito sequestradores e de um polícia alemão.

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