Costa diz que “desta vez” teve de aceitar pedido de demissão de Temido

O primeiro-ministro deu a entender que a ministra da Saúde já tinha apresentado outros pedidos de demissão, mas só desta vez é que António Costa aceitou a saída de Marta Temido. Costa afasta remodelação alargada do Governo.

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Marta Temido invocou não ter condições para continuar como ministra da Saúde LUSA/MIGUEL A. LOPES

“Não me senti em condições de não respeitar e não aceitar o pedido de demissão desta vez”. Foi assim que o primeiro-ministro reagiu à demissão de Marta Temido, ministra da Saúde, esta tarde, a partir do Palácio de São Bento. Em declarações aos jornalistas, António Costa elogiou o trabalho da governante e expressou “um agradecimento profundo pelo trabalho”.

“Ser membro do Governo é muito exigente e há pastas onde é particularmente desgastante, do ponto de vista emocional e pessoal. Para quem foi ministra da Saúde num período tão duro [durante os primeiros dois anos pandemia], percebo que alguém estabeleça como linha vermelha a existência de falecimentos num processo que decorre em serviços que estão sob a sua tutela”, disse ainda o primeiro-ministro. O primeiro-ministro foi questionado sobre se este pedido para sair do Governo estava relacionado com a morte de uma grávida que foi transferida do Hospital de Santa Maria para o Hospital São Francisco Xavier, tendo admitido que este caso “tenha sido uma gota de água”.

“A ministra teve oportunidade de me explicar as razões. Respeito a opção que faz e a decisão que tomou”, afirmou Costa, antes de elogiar o trabalho de Marta Temido. “Foi uma ministra da Saúde que teve de enfrentar uma missão única, extraordinária, que nunca ninguém teve que enfrentar na nossa vida democrática: a pandemia”, sublinhou.

E assinala o trabalho que ficou a meio. “Tinha neste momento em curso um conjunto de propostas importantes para robustecer o Serviço Nacional de Saúde e melhorar os cuidados de saúde. E agora iremos prosseguir essas reformas dando execução ao programa do Governo”, acrescentou.

Quanto a substituições, Costa não levanta o véu. Segundo o primeiro-ministro, o processo de substituição “será quando for oportuno”. “Não será rápido”, afirmou. “Não estava a contar com esta mudança e tenho de pensar isso devidamente. Hoje tenho o dia bastante ocupado. Haverá tempo para resolver este tema”, explicou.

Costa afasta remodelação alargada do Governo

Questionado pelos jornalistas sobre se o compasso de espera para a substituição da ministra significa que virá aí uma remodelação mais alargada do Governo, Costa afastou o cenário. “Não vejo nenhuma razão” para fazer uma remodelação alargada, respondeu.

António Costa disse ainda que considera “muito importante” que fosse Marta Temido a apresentar ao Conselho de Ministros a criação da direcção executiva do SNS, cuja aprovação estava agendada para 15 de Setembro em Conselho de Ministros, mas admite que a data possa ser antecipada. "Este decreto-lei [que regula a nova direcção executiva do SNS] será aprovado por este Governo. Agora é natural, é desejável que quem o preparou, quem o trabalhou, quem o tem negociado com os outros membros do Governo, seja quem o apresente, o defenda no Conselho de Ministros”, defendeu.

Sobre as críticas da oposição, António Costa afirmou que “a oposição tem sempre alguma coisa para dizer e raramente diz coisas muito originais”, antes de fazer um comentário irónico sobre o estatuto que os ministros ganham quando saem do executivo. “Como sabemos não há nada melhor do que um ex-ministro, que é sempre excelente”, disse.

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