A menos de 48 horas do encerramento do mercado de transferências de Verão em Inglaterra, o Manchester United cometeu uma extravagância. A troco de 95 milhões de euros, garantiu os serviços do extremo brasileiro Antony, que nas duas últimas épocas representou o Ajax. Trata-se do maior negócio do defeso até à data e da quarta maior compra de sempre na Liga inglesa.

O interesse do United, agora treinado por Erik ten Hag, que orientou Antony nos Países Baixos arrastava-se há semanas, mas o Ajax não estava disposto a abrir mão facilmente de uma das jóias da coroa. O jogador, de resto, até fez pressão publicamente para que o negócio se concretizasse e o encontro de vontades parou nos 95 milhões de euros, que podem crescer até aos 100 milhões em função de objectivos desportivos.

Aos 22 anos, Antony, que marcou 24 golos e fez 22 assistências em 82 jogos pelo Ajax, está prestes a iniciar a segunda aventura na Europa, depois de ter dado nas vistas no São Paulo. E chega a Old Trafford como o segundo jogador mais caro do Manchester United, só atrás do francês Paul Pogba (custou 105 milhões, na época 2016-17) - e acima do central Harry Maguire (87 milhões).

A qualidade de Antony, um extremo virtuoso e muito rápido, capaz de desequilibrar facilmente no um contra um, também foi reconhecida pelo seleccionador do Brasil em Outubro do ano passado, data em que se estreou pela selecção - soma dois golos em nove partidas.

Se, a nível global, esta é a 13.ª transferência mais alta de sempre (ainda assim, bem longe dos estratosféricos 222 milhões pagos por Neymar), no presente mercado supera a contratação de Aurélien Tchouameni pelo Real Madrid (80 milhões), bem como a de Darwin Núñez pelo Liverpool (75).

Este está a ser, de resto, um período de despesa acrescida para o Manchester United, que eleva, assim, para cinco os reforços assegurados para a presente temporada. Depois de Lisandro Martínez (58 milhões), Casemiro (70 milhões), Tyrell Malacia (15 milhões) e Christian Eriksen (custo zero), Antony faz disparar os gastos dos “red devils” para os 238 milhões, num exercício em que só conseguiram colocar no mercado Andreas Pereira (9,5 milhões) e Eric Bailly (dois milhões).

Nesta balança comercial, os números não são animadores, especialmente porque grande parte da remodelação do plantel orientado por Ten Hag foi remodelado à base de saídas a custo zero. Isto significa que o clube não foi capaz de rentabilizar activos como Paul Pogba, Jesse Lingard, Nemanja Matic ou Edinson Cavani, já que todos eles abandonaram Old Trafford sem retorno financeiro.

Indefinido continua o futuro imediato de Cristiano Ronaldo, que não tem sido titular num Manchester United que, aos poucos, vai dando sinais de recuperar de um início de época desolador. Aos 37 anos, o internacional português começou os últimos jogos no banco, tendo entrado na recta final sem grande impacto no encontro.

Para se ter uma ideia do que tem sido a política de investimentos do United sob a gestão da família Glazer - muito contestada por estes dias -, basta dizer que já desembolsou, só em transferências, nada menos do que 1,9 mil milhões de euros num período de 17 anos.