Missão da AEIA vai visitar Zaporijjia. Será “a mais difícil da história” da agência, diz Ucrânia

Um funcionário russo da central disse esta segunda-feira que as autoridades irão garantir a segurança na visita da equipa da AIEA. Kiev e Moscovo acusam-se mutuamente de ataques à central nos últimos dias.

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Vista aérea da central de Zaporijjia Reuters/European Union, Copernicus Senti

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) anunciou que uma equipa de especialistas irá visitar a central nuclear de Zaporijjia ainda esta semana, para avaliar os danos físicos na central, aferir as condições em que o pessoal está a trabalhar e “determinar a funcionalidade dos sistemas de segurança e protecção”.

Depois de ter sido confirmada a visita dos técnicos da AIEA, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitro Kuleba, avisou que esta será a missão “mais difícil da história” da agência, tendo em conta os combates no terreno e a presença da Rússia no complexo.

Segundo Kuleba, a Rússia está a colocar em risco “não só a Ucrânia mas também o mundo inteiro”, disse o ministro durante a visita a Estocolmo, na Suécia, citado pelo The Guardian. O responsável reforçou ainda que a única solução para a garantir a segurança nuclear é a Rússia sair da central. Moscovo insiste que são as forças ucranianas que estão a pôr a central em perigo.

No passado sábado, o The New York Times avançou que a equipa da AEIA será constituída pelo director-geral da organização, Rafael Grossi, e 13 outros peritos, oriundos de países como Polónia, Lituânia, Sérvia, China, Albânia, França, Itália, Jordânia, México e Macedónia do Norte. Segundo o jornal americano, na lista não está o nome de nenhum representante dos Estados Unidos nem da Grã-Bretanha, considerados tendenciosos devido ao forte apoio que têm dado à Ucrânia.

Um funcionário russo da central disse esta segunda-feira que as autoridades irão garantir a segurança na visita da equipa da AIEA, informou a agência noticiosa TASS. Em entrevista à televisão estatal e citado pela TASS, Yevgeny Balitsky diz que não espera grandes resultados com a visita da equipa e acusou a Agência de ser controlada pelos Estados Unidos.

“No que toca à visita da AIEA, não esperamos grandes resultados. Compreendemos que os americanos têm todas as instituições europeias nos seus bolsos, que em grande medida trabalham apenas segundo o interesse dos EUA. Mas em qualquer caso, garantiremos a segurança [da missão]”, disse o chefe da administração russa, citado pela TASS.

Kiev e Moscovo falam em ataques à central

Depois de na semana passada a central ter estado várias horas desligada da rede de energia ucraniana e das várias acusações sobre as condições de trabalho dos trabalhadores da central ocupada pelos russos, Moscovo e Kiev continuam a trocar acusações.

Segundo Kiev, forças russas terão atacado Enerhodar esta segunda-feira, a cidade onde se encontra a central nuclear de Zaporijjia. Através do Telegram, vários soldados divulgaram o que estava a acontecer. “As tropas russas estão a bombardear os bairros residenciais da cidade. Estão a arder carros e casas de civis”, podia ler-se numa das publicações. De acordo com o Guardian, o chefe de gabinete do Presidente Zelensky já confirmou as imagens, vídeos e informações divulgadas. “Eles provocam e tentam chantagear o mundo”, disse Andriy Yermak.

Nos últimos dias, afirma Kiev, Moscovo tem bombardeado a área. O governador da região de Zaporijjia, Oleksandr Starukh, escreveu no Telegram que soldados russos tinham atingido edifícios residenciais na principal cidade de Zaporijjia, a cerca de duas horas de distância da central nuclear. Foram ainda bombardeadas outras nove cidades junto ao rio Dnipro, que atravessa a região de Zaporijjia, avança o Guardian.

Por sua vez, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou, esta segunda-feira, que as tropas de Moscovo abateram um drone ucraniano que tentava atacar a central nuclear de Zaporijjia. Segundo o Kremlin, o aparelho foi destruído perto da zona de resíduos nucleares. Contudo, não houve danos graves e os níveis de radiação estão normais, escreve a Reuters.

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