“Não temos necessidade de nenhuma geringonça”, diz João Lourenço. “Vencemos legitimamente”

Resultados dão 51,17% ao MPLA e 43,95% à UNITA, anunciou em Luanda a Comissão Nacional Eleitoral. No discurso da vitória, o Presidente angolano e candidato do MPLA, João Lourenço, frisou que o MPLA “venceu de forma legítima” e que “não é necessário nenhuma geringonça” no país.

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João Lourenço foi reeleito LUSA/PAULO NOVAIS

A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola anunciou esta segunda-feira os resultados definitivos das eleições: o MPLA de João Lourenço venceu as eleições com 51,17% dos votos e 124 deputados. A UNITA de Adalberto Costa Júnior ficou com 43,95% e 90 deputados, segundo o presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva.

No discurso da vitória, o Presidente angolano e candidato do MPLA, João Lourenço, frisou que o MPLA “venceu de forma legítima” e que Angola não tem “necessidade de nenhuma geringonça.”

“É com enorme orgulho e satisfação que celebramos hoje mais uma vitória no MPLA”, começou por dizer João Lourenço, numa conferência de imprensa durante a tarde desta segunda-feira, descrevendo as eleições de 2022 como “uma festa para a democracia”.

Questionado pelas contestações da UNITA face ao resultado eleitoral, João Lourenço repetiu que “o MPLA ganhou de forma inequívoca”. “As geringonças são para quando não há legitimidade para governar”, notou, aludindo ao caso português.

Na passada sexta-feira, a UNITA afirmou que não reconhecia os resultados provisórios anunciados pela CNE que, com 97,03% dos votos escrutinados, tinha dado 51,07% e 124 mandatos ao MPLA, no poder desde 1975, e 44,05% e 90 lugares à UNITA — cabendo os restantes seis eleitos a três pequenas forças partidárias.

O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, argumentou que havia discrepâncias entre a contagem do partido a partir das actas síntese, que têm os resultados de cada assembleia de voto, e a contagem da CNE.

Nas redes sociais, vários utilizadores defendem, no entanto, que o resultado só pode ser oficial quando todos os partidos o aceitarem. É o caso de Luaty Beirão, que em 2015 trouxe atenção internacional para alguns dos problemas da presidência angolana com uma greve de fome que durou 36 dias. Foi preso, juntamente com outras 16 pessoas, sob a acusação de conspiração política.

​"Até que todos os contendores aceitem os resultados, o jogo não terminou”, escreveu Luaty Beirão no Twitter. Nestas eleições, o angolano esteve envolvido na contagem de votos paralela do Movimento Cívico Mudei.

João Lourenço desvaloriza os comentários. “Eu posso e devo governar com toda a legitimidade que os eleitores conferiram ao MPLA e ao seu candidato”, declarou, em resposta a questões dos jornalistas. “A oposição contesta e há instituições para essas contestações”, continuou o líder do MPLA, lembrando que devido à cobertura mediática “a comunidade internacional reconhece estas eleições como tendo sido livres, justas e transparentes.”

A CNE fez o anúncio da vitória do MPLA depois de uma reunião plenária que se prolongou pela madrugada e onde foram apreciados os votos reclamados e aprovadas as actas sínteses das comissões eleitorais provinciais, e os resultados são muito parecidos para os dois partidos, com um número de deputados igual ao que tinha sido anunciado. Os partidos têm agora 72 horas para contestar os resultados no Tribunal Constitucional.

Investir no emprego, ensino e saúde

João Lourenço prometeu investir mais na diversificação da economia e criação de emprego, na modernização do sistema de ensino e no alargamento dos serviços de saúde.

O objectivo, disse o líder da MPLA, é fazer de Angola “um país mais próspero, mais desenvolvido e mais inovador.”

Durante o discurso, João Lourenço aproveitou para “agradecer a todos os angolanos que participaram nas eleições de modo exemplar” e prometeu “continuar a trabalhar para o bem-estar económico e social do país” e dos angolanos.

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