Pedro Santana Lopes saiu esta sexta-feira a meio de um debate em directo no canal CNN Portugal sobre a privacidade dos políticos, na sequência das críticas que a primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, recebeu por ter aparecido a semana passada num vídeo divulgado nas redes sociais a cantar e a dançar numa festa privada. “E agora saio outra vez. Boa noite. São iguais”, afirmou o antigo primeiro-ministro, censurando o canal por ter exibido uma foto sua que nos anos 90 também motivou críticas ao social-democrata e fazendo referência ao momento em que, há 15 anos, abandonou uma entrevista para a SIC Notícias.

Na conversa, com a comentadora Helena Ferro Gouveia e a directora da revista Visão, Mafalda Anjos, o também presidente da Câmara da Figueira da Foz começou por agradecer o convite, que interpretou como “um sinal” de que a CNN reconhecia que tinha “passado por algo que não devia ter passado”. Mas, quando o canal exibiu a imagem que o envolveu numa polémica semelhante à da líder do executivo da Finlândia, de fita vermelha na cabeça à entrada de um cruzeiro, Santana Lopes mudou de tom.

“O facto de porem esta fotografia tanto tempo [no ar] é o mesmo tipo de mentalidade que persegue a primeira-ministra da Finlândia”, afirmou. “Não digam que lá fora é mau porque cá acontece a mesma coisa”, acrescentou, momentos depois.

A jornalista Ana Sofia Cardoso defendeu-se, esclarecendo que mostrou a imagem por simbolizar o motivo pelo qual o canal convidou o antigo chefe de Governo a comentar o caso.

“Há mais motivos, só que a maior parte deles eram falsos”, retorquiu Santana Lopes, explicando que apenas tinha aceitado integrar o painel de convidados porque uma editora da CNN Portugal lhe garantiu que não iam exibir a fotografia.

“Já uma vez saí de um programa por causa de um treinador de futebol chamado José Mourinho. E agora saio outra vez. Boa noite. São iguais”, disse, antes de se levantar e abandonar a emissão, na qual participava à distância.

Em 2007, Santana Lopes também deixou o estúdio da SIC Notícias, quando a jornalista Ana Lourenço interrompeu a entrevista ao social-democrata sobre a situação do PSD naquela altura, para emitir em directo a chegada de José Mourinho, à data treinador do clube de futebol Chelsea, ao aeroporto de Lisboa.

“Acha que isto se justifica? O José Mourinho é muito mais importante do que qualquer um de nós, sem dúvida nenhuma, e a chegada dele põe o país em delírio, mas eu pergunto se é assim que o país anda para a frente?”, questionou.

E continuou, antes de terminar a entrevista: “Convidaram-me para vir aqui falar de assuntos importantes e eu vim com sacrifício pessoal. Chego aqui e sou interrompido por causa da chegada de um treinador de futebol. Acho que o país está doido!”.