Desp. Chaves faz história e torna oficial a crise do Sporting

Transmontanos ganharam em Alvalade pela primeira vez, naquele que foi o segundo desaire consecutivo dos “leões”.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

À quarta jornada, quatro pontos. O arranque de temporada do Sporting sofreu neste sábado mais um abalo significativo, com a segunda derrota consecutiva na prova. Em casa, os “leões” foram surpreendidos pelo Desp. Chaves (0-2), que nunca tinha vencido em Alvalade e aproveitou para confirmar a crise do vice-campeão com um resultado histórico.

O dilema de Rúben Amorim nos dias que correm é como substituir Matheus Nunes no corredor central. O técnico ponderou publicamente os prós e contras de recuar Pedro Gonçalves para a posição oito e neste sábado decidiu arriscar colocá-lo mais longe da baliza contrária — e, com isso, o Sporting mais longe do golo.

Ainda assim, os “leões” criaram um caudal ofensivo mais do que suficiente para chegarem a ganhar ao intervalo. Só à conta de “Pote”, foram duas bolas de golo (uma das quais bateu no poste, resvalou no braço de Paulo Vítor e foi para fora), Nuno Santos também assustou, Rochinha cabeceou com perigo e Trincão falhou uma emenda.

Este foi o sumo, em termos de lances de perigo, do primeiro tempo, mas a base para lá chegar foi o 3x4x2x1 habitual do Sporting, desta vez com Pedro Gonçalves ao lado de Ugarte no meio-campo e um tridente composto por Rochinha, Trincão e Edwards. E foi também o 4x4x2 de um Desp. Chaves que foi sempre demasiado precipitado na saída de bola, ora por força da reacção à perda do adversário, ora por dificuldades técnicas no passe longo.

“Pote” no corredor central oferece mais um “rematador” à equipa, sempre que chega às imediações da grande área, mas acrescenta-lhe dificuldades sem bola — e os transmontanos saíram muitas vezes a jogar precisamente pelo corredor central, sem depois mostrarem arte e engenho para ligar o jogo mais à frente.

Parecia, pois, uma questão de tempo até o golo chegar. E foi, mas na baliza de Adán, contra todas as previsões. O Desp. Chaves, que tinha feito um remate no primeiro tempo, tornou-se mais acutilante com Juninho (lançado aos 46') e ameaçou primeiro por Héctor, que viu Adán negar-lhe o golo.

Foi o prenúncio do que viria a seguir. Numa bola parada ofensiva, ainda bem distante da área, os flavienses bombearam e Steven Vitória, central possante, inaugurou o marcador com um golpe de cabeça no limite da linha da grande área. Estava instalada a surpresa em Alvalade, aos 60’.

Rúben Amorim trocou então Ugarte por Morita e minutos mais tarde estaria a jogar com Coates como ponta-de-lança. Tudo porque, aos 63’, o Sporting permitiu que a bola entrasse nas costas da linha defensiva, que estava alinhada no meio-campo, e Juninho teve espaço e tempo para acelerar rumo ao 0-2.

Estavam 31.408 espectadores nas bancadas, a maioria dos quais inquietos para perceber como os “leões” reagiriam. Mas a partir de então, onde existira critério, já só havia vontade. Onde houvera posicionamento, já só havia sobreposição no ataque. O Sporting atacava com muita gente (à largura, a solicitar cruzamentos de Nuno Santos à esquerda e de Trincão à direita), mas com pouco mais do que coração.

O Desp. Chaves ainda viu Patrick ser expulso (90+4’), só que o Sporting há muito que perdera o rumo ao discernimento, tornando-se óbvio que deixara já os flavienses fugirem numa classificação na qual está agora rodeado de novos vizinhos.

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