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"Levámos um soco, mas não nos deitou abaixo". Serra da Estrela tenta recuperar do pior incêndio dos últimos dez anos
Depois do longo e violento incêndio que varreu a Serra da Estrela, queimando mais de 24 mil hectares do parque natural, a preocupação é fazer as pessoas perceberem que a beleza do local continua, em muitas aspectos, intocada. E convencê-las a regressar, sem receio.
Depois de semanas com o céu encoberto pelo fumo do violento incêndio que galgou encostas e encostas da serra, entre 6 e 17 de Agosto, chegar à Estrela num dia sem uma única nuvem no céu, totalmente pintado de azul, é um alívio. Se a entrada se der pelo lado de Gouveia, as consequências do fogo são uma realidade que demora a entranhar-se. Desta vez, as chamas não chegaram a esta encosta e a subida é feita entre o verde e o acastanhado de um terreno seco, já a prenunciar o Outono.
É preciso chegar ao topo e começar a descer em direcção a Manteigas, para que as primeiras encostas queimadas se anunciem. Para ver parte da encosta da margem direita do Zêzere pintada de negro, e ter, depois, as árvores queimadas e o solo de cinza mesmo ali ao lado do caminho, estendendo-se até ao troço da Estrada Nacional (EN) 232 que serpenteia pela serra, antes de chegar à vila.